Publicado em 08/04/2016 às 21h40.

Embasa e Cerb cancelam acordo com empresa de Israel

Organizações questionavam benefícios de acordo da Bahia com a a empresa israelense, denunciada pela ONU por contribuir com 'apartheid hídrico' na Palestina

Redação
Ativistas protestam contra acordo comn empresa israelense (Reprodução/Stop the Wall)
Ativistas protestam contra acordo comn empresa israelense (Reprodução/Stop the Wall)

 

Após pressão de ativistas e organizações sociais da Bahia, as empresas estaduais de água e saneamento do Estado desistiram de realizar acordos de cooperação com a empresa israelense Mekorot. A decisão do cancelamento ocorreu no último sábado (2).

O grupo que é contra a realização dos acordos está alinhado com o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) e contou com o apoio do deputado estadual Marcelo Galo (PT-BA), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hidrícos da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).

Na opinião dos ativistas, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e a Companhia de Engenharia Rural da Bahia (Cerb) acertaram ao findar o acordo de cooperação uma vez que ele  legitimava o apartheid hídrico israelense, tendo a Palestina como principal prejudicada.  Além do que chamam de apartheid hídrico, os ativistas afirmam que a Bahia não teria nenhum benefício.

Segundo o  coordenador de campanhas na América Latina do Comitê Palestino BDS Nacional, Pedro Charbel, o  Acordo de Cooperação Técnica havia sido firmado em 2013 entre a Mekorot e as empresas estatais Embasa e Cerb, e previa “ações conjuntas visando ao desenvolvimento e a implementação de serviços de água, esgoto e projetos no Brasil”.

 Quem também contestou a parceria foi o secretário-geral do Sindae (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia), Grigório Rocha.

“Até hoje não conseguimos descobrir para que serve esse convênio. Ninguém sabe o que essa empresa está fazendo, é uma caixa preta. Israel faz uma política de publicidade, dizendo ter a solução do mundo para o problema da água, mas nada do que a Mekorot traz para a Bahia é novo”, disse Rocha a Opera Mundi.

Outro motivo que levou ao fim do acordo é o fato da ONU denunciar a empresa israelense de contribuir para a ocupação de Israel em territórios palestinos.  Conforme a ativista Maren Mantovani, coordenadora de Relações Internacionais da Campanha Palestina Contra o Muro (Stop The Wall), em entrevista a Opera Mundi, “a violação do direito à agua [na Palestina] faz parte de uma política sistemática para limpar etnicamente a região”.

O apartheid hídrico é relatado pela ONU: os palestinos na Cisjordânia têm acesso, em média, a 60 litros água por dia enquanto colonos israelenses na região usam uma média de 700 litros durante o mesmo período. O Estado de Israel é acusado ainda de sequestrar caminhões-pipa dos palestinos e de impedir a construção de reservatórios que poderiam amenizar a escassez.

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