Publicado em 17/02/2016 às 17h08.

Forrozeiros pedem nacionalização do São João no Ministério do Turismo

Encontro ocorreu na sede do Ministério do Turismo nesta quarta-feira para discutir os rumos da ampliação da festa junina para além do Nordeste

Fernando Valverde
Foto: Rafael Rodrigues
Foto: Rafael Rodrigues

 

Representantes do forró baiano fizeram uma reunião nesta quarta-feira (17) com o ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, na sede da pasta, em Brasília, para discutir os rumos do projeto de nacionalização do São João do Nordeste. Entre os artistas presentes estavam Léo Macedo, da Estakazero, Targino Gondim, Adelmário Coelho, Zelito Miranda, Alcimar Monteiro, Carlos Pitta, Genival Lacerda e Del Feliz.

“O São João toca muito na alma de nosso povo e representa muito mais culturalmente do que o carnaval. Para o turismo, tem um potencial gigante em um período de baixa estação, e temos como missão ampliar nosso calendário para atrair mais turistas internacionais. Tem alguma coisa muito errada quando um país continental como o Brasil ter durante o ano passado o mesmo número de visitantes que a Torre Eiffel. Vamos fazer do São João um produto nacional.” declarou Alves.

Entre as primeiras medidas anunciadas estão a realização em Brasília do Salão Luiz Gonzaga de turismo, que irá reunir o trade, operadores, promotores, artistas e imprensa de todo o país, no mês de maio, além do direcionamento de R$ 13 milhões para a promoção da festa nordestina dentro e fora do país. “A partir de hoje qualquer salão de turismo que o Brasil participar terá a presença de um forrozeiro”, assegurou o ministro. Além disso, com o objetivo de consolidar a imagem da celebração como força cultural no país, haverá a instalação de um palco dedicado ao forró na Casa do Brasil, espaço no Rio de Janeiro destinado para visitantes durante a Olimpíada.

O deputado federal Jorge Solla (PT-BA), que também estava presente na reunião, reforçou a importância cultural da festa e as possibilidades de se colocar o São João no calendário nacional: “Para tornar o São João uma festa nacional, é fundamental que ele entre no calendário das pessoas em todo o Brasil, não só do Nordeste. Isso tem que ser discutido desde o calendário escolar ao dos feriados nacionais, para viabilizar o fluxo de turismo nacional nessa época. Por outro lado, é fundamental também valorizar o nosso forró nas grades das festas, dentro do São João e fora dele, é um produto cultural nosso que precisa ser fortalecido”, afirmou o petista.

Medidas – Entre as medidas debatidas para as próximas edições da festa junina, uma das mais polêmicas é a instituição de uma cota de 60% das atrações para bandas locais, como forma de barrar a invasão sertaneja e manter a identidade cultural do evento. Outra questão levantada foi a possibilidade de os bancos públicos patrocinarem a festa, como já investem no carnaval.

O secretário de Turismo da Bahia, Nelson Pelegrino, defendeu também a ampliação do escopo da Lei Rouanet para projetos relacionados ao São João: “Tanta coisa recebe apoio cultural da Lei Rouanet, por que o São Joao, que é a legítima festa cultural de todo o Nordeste não está apto a receber apoio? É uma distorção que precisa ser corrigida”, apontou.

A senadora Lidice da Mata (PSB) lembrou que o Conselho de Cultura já aprovou o São João como patrimônio imaterial do país e salientou a importância da festa para o desenvolvimento dos municípios que costumam receber o evento: “Festa no Nordeste significa girar a roda da economia local de centenas de pequenos municípios”.

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