Publicado em 19/04/2018 às 21h20.

Mineradora e multinacional terão que pagar R$ 31 mi por danos morais

Sama S/A Minerações Associadas e Saint-Gobain são acusadas de expor moradores de cidades do interior e trabalhadores a contaminação por amianto

Redação
Foto: Divulgação/MPF
Foto: Divulgação/MPF

 

A mineradora Sama S/A Minerações Associadas e a multinacional Saint-Gobain do Brasil Produtos Químicos Industriais e para Construção Ltda terão que pagar mais de R$ 31,4 milhões por danos morais coletivos por expor moradores locais e trabalhadores a contaminação por amianto em cidades pelo interior da Bahia.

A sentença da Justiça Federal atendeu a pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Vitória da Conquista e do Ministério Público da Bahia (MP-BA). O valor deverá ser revertido em favor de projetos culturais, sociais e ambientais para Bom Jesus da Serra.

De acordo com os MPs, a Sama explorou amianto na jazida São Félix do Amianto no município, entre os anos de 1940 e 1968. No encerramento das atividades de extração, entretanto, não foram adotadas medidas satisfatórias para mitigação dos efeitos do mineral nos habitantes da região, deixando resíduos que teriam contaminado um número indeterminado de pessoas – entre trabalhadores da mina, seus familiares e moradores do entorno.

“A existência de feitos relacionados à exposição da população local ao amianto é agravada pela existência do risco de fibras de amianto suspensas no ar e pela utilização dos blocos de rejeito pelas famílias dos trabalhadores nas suas residências e como ornamentos de decoração, além de seu transporte para outras áreas sem qualquer controle, sobretudo pela desinformação decorrente do alto grau de analfabetismo daquela região”, afirmam.

Além do pagamento de R$ 31.423.370,00, a Justiça também determinou o isolamento da área da antiga mineradora com cercas de arame farpado, para impedir a entrada de pessoas não autorizadas; a sinalização da área com 30 placas, com dimensões de outdoors, informando sobre o risco de contaminação; a identificação, seleção e demolição de edificações construídas com os rejeitos, bem como o monitoramento da área por no mínimo mais cinco anos, em períodos de chuvas e estiagem para acompanhar a qualidade do ar.

Além disso, deverão também realizar um Plano de Recuperação da Área Degradada e campanhas em veículos de imprensa e escolas para esclarecer à população quanto aos riscos de inalação de fibras do mineral em caso de movimentação dos materiais.

Histórico – No período que operou no município de Bom Jesus da Serra, e mesmo após a interrupção da atividade da mina, conforme esclarecem os MPs, a Sama não cumpriu as obrigações legais assumidas; não se preocupou com as condições de vida dos trabalhadores e habitantes do entorno da jazida e em responder pelos prejuízos causados a terceiros; tampouco adotou medidas para reduzir a degradação ambiental e evitar a contaminação da água e do ar.

Amianto é um mineral usado em produtos como caixas d’água, telhas onduladas, tubulações, discos de embreagem, mangueiras, papéis e papelões. A inalação das microfibras do mineral pelas vias respiratórias podem acarretar doenças graves, como o câncer de pulmão.

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