Publicado em 03/01/2019 às 13h00.

Mulher que cometeu intolerância religiosa contra Mãe Stella é professora

Filhos de santo denunciaram caso ao MP-BA; no ano passado, o órgão recebeu 306 denúncias e racismo e intolerância religiosa

Milena Teixeira
Foto: Antonelo Veneri / Divulgação
Foto: Antonelo Veneri / Divulgação

 

A ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, maior representante do Candomblé no país e que faleceu há uma semana, foi alvo de intolerância religiosa nas redes sociais nos últimos dias. Uma das agressões foi enviada ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), na tarde da última quarta-feira (2), pela Sociedade Cruz Santa, entidade civil que mantém e administra o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá.

De acordo com o presidente da Sociedade,  ogã Ribamar Daniel, uma professora de uma escola particular baiana, identificada como Taiane Fragoso, cometeu a agressão contra a religiosa, na quarta, em uma publicação sobre a inauguração  da avenida Mãe Stella de Oxóssi. O post estava no perfil do Instagram do prefeito ACM Neto.

Na publicação, Taiane diz que “é um absurdo” que a Prefeitura de Salvador  dê o nome de Mãe Stella  a uma avenida. O comentário dá a entender  ainda que  pessoas do candomblé utilizam a religião  para fazer “mal aos outros”. Veja a publicação:

 

Foto: Instagram/ Divulgação
Foto: Instagram/ Divulgação

 

“Eu fiquei sabendo desses comentários e isso me causou muita tristeza e muita decepção, porque estamos por um momento muito difícil. É triste ver isso de uma pessoa professora, que teve acesso ao nível superior. Vivemos em um país laico. Nós, como família de santo, não podemos nunca aceitar esse tipo de coisa”, declarou o ogã.

Ao bahia.ba, o MP-BA disse já recebeu as denúncias e que está tomando as devidas providências. Quem deve ficar com o caso é a promotora Livia Paz, que está de férias nos Estados Unidos.

Pedra do Xangô

Na última semana, a Pedra de Xangô, em Salvador, foi alvo duas vezes de intolerância religiosa.  Na primeira vez, o monumento foi coberto por mais de 100 quilos de sal.

A Pedra de Xangô é tombada pela prefeitura de Salvador. O monumento natural foi tombado por ser elemento de resistência cultural e aglutinador da teia de terreiros do conjunto de bairros de Cajazeiras. O tombamento ocorreu após solicitações da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), da Associação Pássaros das Águas e da Câmara Municipal de Salvador.

Casos de discriminação racial e intolerância religiosa na Bahia

Mais de 300 casos de discriminação racial e religiosa foram registrados no MP estadual em 2018. A instituição ofereceu 30 denúncias à Justiça.

Nos anos anteriores foram registrados: 63 casos em 2014, 126 em 2015, 235 casos em 2016 e 273 em 2017. Ressaltando que os dados se referem a casos de discriminação racial e religiosa.
Para atender a demanda das situações de racismo e intolerância, o MP-BA, lançou, no final de novembro do ano passado, o Mapa do Racismo. Em dezembro de 2018, o órgão recebeu 43 denúncias.

 

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.