Publicado em 09/01/2019 às 10h30.

‘Se preocupam com o dinheiro que recebo, mas não deram uma Novalgina a Mãe Stella’

Companheira da ialorixá falecida, Graziela Domini ainda não sabe o que vai fazer com as obras deixadas pela religiosa, que morreu em dezembro de 2018

Redação

A companheira de Mãe Stella, Graziela Domini Peixoto, disse que ainda não sabe o que vai fazer com a herança literária deixada pela ialorixá. A religiosa morreu no final de dezembro do ano passado e deixou sete livros publicados.

“Se eu quiser montar alguma coisa para Mãe Stella, é muito fácil, não precisa de recurso não. Tenho tudo dela já digitalizado, mas não sei se quero”, afirmou Graziela, em entrevista ao jornal A Tarde. “Se me deixarem em paz, que é o que eu espero, a humanidade ganha com a sabedoria de uma mestra que veio à terra em sacrifício por todos nós. Eles sempre se preocupam com o dinheiro que eu recebo, mas nunca se preocuparam em dar uma Novalgina, um nada a Mãe Stella”, completou a psicóloga.

Graziela ainda questionou os possíveis lucros que podem ser obtidos com as obras. “A maior preocupação de Mãe Stella nos últimos momentos da vida foi com a obra cultural dela. E ela deixou bem claro: se isso não me der trabalho, entendeu? Então… E como é que se vive no Brasil de livros? Mas antes de viver com Mãe Stella, eu já era escritora e pretendo continuar no meu cantinho, no meu quarto, escrevendo, como sempre fiz”, disse Graziela em entrevista ao jornal A Tarde.

Ao ser questionada sobre a polêmica envolvendo o enterro de Mãe Stella e os filhos de santo do terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, ela disse que a própria religiosa pediu para ser enterrada em Nazaré.

“Eu tenho um vídeo dela gravado [no vídeo, Mãe Stella diz que gostaria de permanecer em Nazaré, por ser “mais tranquilo”]. Não falo nada que eu não tenha “prova. E nós vivemos num país laico. Como alguém, num país laico, pode definir o que fazer com o corpo quando eu sou a esposa dela?”, questionou a esposa da ialorixá.

Bahia.ba

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