Publicado em 23/11/2015 às 11h17.

CPI que investiga assassinato de jovens chega à Bahia

Audiência acontece em Lauro de Freitas e conta com participação de senadores, representantes da SSP, Polícia e vítimas da violência

João Brandão

Durante a audiência pública da CPI do Assassinato de Jovens do Senado Federal que acontece  na manhã desta segunda-feira (23), no Cine Teatro Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), falou sobre o projeto de exigência do inquérito policial para qualquer situação.

“Sem dúvidas vai reduzir significadamente o número de mortes violentas, especialmente em pobres e jovens. Esse projeto sendo aprovado, vai exigir a investigação do inquérito policial em qualquer situação de morte provocada por policias, acredito que teremos uma diminuição significativa”, enfatizou o petista.

O prefeito de Lauro de Freitas (PP), Márcio Paiva, pediu a discussão sobre o racismo na política de segurança pública. “As estatísticas estão aí para comprovar as mortes e o perfil delas, mas temos que trazer essa discussão”, sugeriu.

A senadora baiana Lídice da Mata (PSB)  ressaltou ao Bahia.ba, que a violência no Brasil, que vitimiza especialmente jovens e negros de baixa renda, não vai melhorar até que seja tomada uma atitude com relação ao Estatuto do Desarmamento. Na avaliação da senadora, é  um contrassenso o que está acontecendo na Câmara dos Deputados, que quer a ampliação legal do porte de armas. “Estudos na área demonstram que a maior parte dos assassinatos no Brasil é feito com armas fabricadas em nosso território, mas não há um enfrentamento dessa situação, pelo contrário, os deputados querem facilitar o acesso as armas”, argumentou.

Auto de resistência – O diretor do Centro de Defesa Criança e Adolescente da Bahia (Cedeca), Valdemar Oliveira, criticou o auto de resistência, investigação das mortes e lesões corporais cometidas por policiais durante o trabalho. “O auto de resistência tem que cair. Ele é o responsável pela impunidade no assassinato dos jovens nas chacinas”, contou.

 

Dona Lúcia Simões chora a morte do filho morto pela polícia. Foto: Juliana Dias/Bahia.ba
Dona Lúcia Simões chora a morte do filho morto pela polícia. Foto: Juliana Dias/Bahia.ba

Dor e injustiça-  A audiência conta também com a presença com os familiares de  vítimas da violência. Entre os presentes que tiveram acesso à fala pública, está Lúcia Silva Simões, que é mãe do jovem Jonilson Simões de Jesus, que aos 15 anos foi assassinado pela polícia na comunidade, em situação ainda não esclarecida. A morte já completou um ano e até agora nenhum  policial envolvido no caso foi punido. “Nem os documentos de  meu filho pediram, já chegaram atirando. E agora eu estou aqui com a minha dor e minha tristeza pedindo justiça. Até agora não tenho nenhuma resposta do aconteceu. O povo está assustado, quando a polícia chega, meu outro filho de sete anos se esconde. Não aguento mais! Eu e todas as mães da cidade só queremos paz.”, diz emocionada, segurando o cartaz do filho assassinado.

 

*Com informações de Juliana Dias

 

Temas: mortes , cpi , jovens , negros

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.