Publicado em 10/06/2019 às 22h20.

Ex-pastores dizem que Universal pagou por esterilizações em mutirões

Igreja afirma que decisão sobre vasectomia é dos pastores e que não paga os procedimentos

Redação
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba

 

Segundo relataram ex-pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, em ações judiciais, cirurgias de vasectomia eram pagas pela instituição religiosa. Há relatos de que as operações foram feitas em mutirões.

A Universal responde a processos movidos por religiosos na Justiça do Trabalho que afirmaram ter sido forçados ou pressionados a passar por esterilização como forma de ingressar, permanecer ou ascender no quadro eclesiástico da igreja. Os casos foram revelados em reportagem da Folha no domingo (9).

“Quando eu fiz [a cirurgia], chamávamos [o médico] de ‘o açougueiro’, porque havia uma fila de 30 pessoas. Fiz [a cirurgia] em 12 minutos, nem deu tempo de pegar a anestesia”, disse o ex-pastor Clarindo de Oliveira, 44.

Para o coordenador do Departamento de Saúde Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia, Giuliano Aita, é possível realizar a cirurgia no tempo relatado por Oliveira. “Mas dificilmente a operação seria feita em condições ideais nesse tempo, o paciente poderá reclamar de dor se não estiver bem sedado”, explicou à Folha.

O tempo padrão para a realização do procedimento varia entre 30 e 40 minutos, segundo ele. “No sistema privado, as cirurgias são agendadas, feitas com autorização verbal e por escrito do paciente, e após uma conversa. Só podem ser operados homens com mais de 25 anos ou com dois filhos”, afirma.

À Folha, Oliveira afirmou que fez a operação com um profissional pago e indicado pela igreja, e em um mutirão de pastores. Oliveira foi esterilizado aos 18 anos. Ele contou que fez a operação em uma clínica em São Paulo.

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