Publicado em 08/02/2016 às 19h20.

Vila Isabel abre o segundo dia de desfile das escolas de samba do Rio

Seis agremiações completam nesta segunda-feira (8) as apresentações do Grupo Especial e disputam o título de campeã de 2016

Agência Brasil
Alegoria da Vila Isabel (Foto: Agência Brasil)
Alegoria da Vila Isabel (Foto: Agência Brasil)

 

Seis escolas de samba completam nesta segunda-feira (8) os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Elas vão disputar os pontos dos nove quesitos que terão as notas conhecidas na quarta-feira (10), durante a apuração na Praça da Apoteose.

O sol forte por volta das 19h não impediu que o público começasse a ocupar as arquibancadas do Sambódromo para ver o espetáculo de escolas de grandes torcidas e ainda as duas com o maior número de campeonatos, como a Portela (21) e a Mangueira (17).

A primeira agremiação a entrar na Avenida Marquês de Sapucaí será a Vila Isabel, escola da zona norte, que exaltará o centenário de Miguel Arraes, o pai Arraia. A Vila mostrará a história do cearense, que fez sua vida política em Pernambuco. O enredo Memórias de Pai Arraia. Um sonho pernambucano, um legado brasileiro foi sugerido pelo cantor e compositor Martinho da Vila, que também é um dos autores do samba-enredo.

A comissão de frente será um dos destaques a Vila. A coreografia é de Jaime Arôxa, que, pelo segundo ano consecutivo, será responsável por um dos quesitos que a cada ano provoca mais curiosidade do público.

Jaime Arôxa, que também é professor de dança, lembrou que, para criar uma coreografia, não se pode esquecer que um desfile é uma obra em movimento, com momentos diferentes entre a apresentação dos jurados, espalhadas por toda a extensão da avenida e o público que estará nos intervalos entre cada uma.

Salgueiro  – A segunda escola a se apresentar é o Salgueiro. Com o enredo A Ópera dos Malandros, desenvolvido pelos carnavalescos Renato e Márcia Lage. A vermelho e branco da Tijuca transformará a Marquês de Sapucaí em uma malandragem só. Os diferentes tipos vão do samba miudinho para apresentar a obra em seis atos, passam pelo faceiro que entra na roda e ainda o que “vai flanando triunfal por entre deuses e meretrizes, rainhas e monarcas…”.

Sem esquecer o mestre-sala das alcovas, o bailarino dos salões, o cavaleiro errante dos morros cariocas e o filósofo das mesas de bar. O fim do desfile será dedicado à fé e aos pedidos de paz. Os personagens estão no texto preparado pelos carnavalescos para apresentação do enredo.

A São Clemente, com o enredo Mais de mil palhaços no salão, será a terceira escola a entrar na Passarela do Samba nesta segunda-feira. A carnavalesca Rosa Magalhães, que coleciona sete títulos de campeã com o Império Serrano, Imperatriz Leopoldinense e Vila Isabel, promete ocupar todos os espaços com palhaços, que levarão alegria ao Sambódromo.

O fim do desfile terá também um momento de crítica e reflexões. A carnavalesca, também professora de Belas Artes, destacará o movimento estudantil dos jovens caras-pintadas, em 1992. Ela lembrou que, à época, muitos deles usavam chapéu de bobo da corte nas manifestações. As críticas se estenderão em um panelaço e deve chamar atenção do público neste setor do enredo.

BOBO DA CORTE
Bobo da corte, destaque da São Clemente (Foto: Agência Brasil)

 

 

Portela – Já na madrugada de terça-feira (9), a Portela será a quarta escola na Marquês de Sapucaí. O enredo No voo da Águia, uma viagem sem fim mostrará a viagem do símbolo da azul e branco, a águia, em uma grande viagem pela história da humanidade e pela imaginação dos viajantes no deserto, em florestas sombrias e geleiras, além da procura por mundos perdidos e a busca por tesouros. Não esquecerá da cobiça e da ambição do homem.

As duas últimas a desfilar na Sapucaí devem empolgar com enredos que trarão astros da música brasileira para a avenida. Na Imperatriz, a homenagem à dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano no enredo É o Amor… Que mexe com minha cabeça e me deixa assim… – Do sonho de um caipira nascem os Filhos do Brasil destacará diversos aspectos da história dos músicos e vai misturar samba com sertanejo.

O carnavalesco Cahê Rodrigues informou que o enredo vai passar por Pirenópolis, em Goiás, cidade em que Zezé começou a carreira, transformar o irmão deles Emival, morto aos 11 anos, em um anjo caipira que guarda a família Camargo e destacar no desfile os pais da dupla, Francisco e Helena.

Um carro, que entrará no terceiro setor do enredo, será decorado com 180 violões, que, após o desmonte da alegoria, serão doados por Zezé e Luciano a várias instituições ligadas ao ensino da múnsica.

Mangueira – A outra escola é a Mangueira. Com o enredo Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá, a escola homenageará a cantora, que completou 50 anos de carreira. O carnavalesco Leandro Vieira, estreante no Grupo Especial, disse que o enredo é um prazer para ele que há tempos alimentava o desejo de desenvolver o projeto sobre Bethânia. Ele revelou que mais que contar a história da carreira da cantora, queria mostrar uma arte brasileira presente nos trabalhos da artista.

O samba-enredo da escola que encerrará os desfiles da elite do carnaval carioca é apontado como um dos melhores da safra de 2016. Na quadra da escola, era um dos atrativos nos ensaios da etapa que antecederam até o primeiro fim de semana de fevereiro. A cantora virá em um carro com as afilhadas, as gêmeas Nina e Júlia, de 12 anos. Para a cantora, a homenagem da verde e rosa é tão grande que ela preferiu creditar à sua orixá de proteção o motivo da honraria.

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