Petrobras avalia reduzir preço dos combustíveis
Ações da estatal caíram 9% diante da possibilidade de reduzir o valor da gasolina e do diesel para o mercado
As discussões em torno de uma eventual redução dos preços dos combustíveis levaram as ações da Petrobras a fecharem em queda de 9% nesta segunda-feira (4). A direção da empresa acredita que há espaço para diminuir o preço da gasolina e do diesel, mas, para o mercado, qualquer mudança nesse sentido, às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, soaria como mais uma ingerência do governo na empresa.
A ideia também foi rejeitada pelo conselho de administração da companhia, que criticou a falta de discussão do assunto dentro do colegiado. Para amenizar o tom das reclamações feitas pelos conselheiros, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, encaminhou a eles um e-mail afirmando que ainda não há uma decisão final sobre a redução dos preços e que não deve haver “qualquer tipo de politização do tema”.
“Estamos todos aqui, diretores e conselheiros, com o objetivo de atender única e exclusivamente os interesses da Petrobras”, escreveu Bendine em mensagem a qual o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, teve acesso. Mas a interpretação do mercado foi diferente. Em relatório, o BTG alertou os investidores que “o timing dessa decisão pode ser gravemente mal interpretado” em meio ao processo de impeachment de Dilma.
Tensão – “É dever dessa diretoria monitorar permanentemente a composição de todos os nossos custos e também o comportamento do mercado. São estes os fatores que norteiam nossa política de preços”, diz o e-mail assinado por Bendine. A mensagem buscava reduzir a tensão com o presidente do conselho, Nelson Carvalho. A defesa, nesse caso, é por uma atuação “afinada com o mercado”. “A Petrobras, em função de seu caixa, tem de maximizar o retorno com seus produtos”, disse um integrante do colegiado.
A avaliação da diretoria, entretanto, é que há margem para redução de preços em função das mudanças no câmbio e da queda nas vendas de combustíveis. Na mensagem, Bendine explicou que houve queda de quase 11% nas vendas entre janeiro e fevereiro na comparação com 2015. No último ano, a empresa já havia registrado queda de 9% nas vendas.
O argumento é questionado por analistas. Walter de Vitto, da Tendências, lembra que a queda nas vendas é causada principalmente pela perda de renda real e pelo desemprego. “Esses fatores são mais importantes para definir o consumo e ainda devem se agravar neste ano”, afirma.
Os preços de combustíveis estão mais altos no país do que no exterior desde o final de 2014, com a queda das cotações do petróleo. Cálculos da Tendências indicam que, na última semana, a gasolina estava 23,5% mais cara nas bombas brasileiras em comparação com o mercado internacional. Já o diesel custava 42,7% mais.
A receita gerada com o cenário favorável foi usada para recuperar perdas acumuladas entre 2011 e 2014, quando o governo congelou reajustes nos preços para conter a inflação. Essa política provocou perdas de até R$ 80 bilhões no caixa da empresa.
O consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), ressalta que a redução de preços integra um “pacote de bondades” do governo para recuperar popularidade, como a adoção de bandeira verde no setor elétrico. “O governo voltou a tratar a Petrobras como instrumento de política econômica e partidária e repete decisões populistas que já fizeram estrago no primeiro mandato”, disse.
Mais notícias
-
Economia
06h38 de 28 de março de 2024
Governo prorroga Desenrola até 20 de maio
Medida provisória deve ser publicada nesta quinta-feira (28)
-
Economia
19h22 de 27 de março de 2024
Receita lança nova fase do Litígio Zero a partir de 1º de abril
Renegociações são voltadas para dívidas de até R$ 50 milhões
-
Economia
18h19 de 27 de março de 2024
Caixa começa a oferecer financiamentos com FGTS Futuro em abril
Modalidade é ofertada para trabalhadores com salário de até R$ 2.640
-
Economia
16h48 de 27 de março de 2024
JBS quer manter ex-ministros de Lula e Dilma em seu conselho, diz coluna
JBS propôs à assembleia da companhia que sejam ratificadas as eleições de Kátia Abreu e Paulo Bernardo
-
Economia
16h18 de 27 de março de 2024
Movimentação econômica de Salvador cresceu 4,6% em janeiro de 2024
Todas as variáveis que compõem o indicador puxaram o índice para cima, com destaque para passageiros de ônibus intermunicipais
-
Economia
13h20 de 27 de março de 2024
Contas do governo têm rombo de R$ 58,4 bi e alcançam recorde histórico
Foi o pior desempenho para o mês de fevereiro em termos reais (descontada a inflação)
-
Economia
09h45 de 27 de março de 2024
Peixes têm quantidade limitada para captura em 2024
Cotas foram limitadas por dois ministérios
-
Economia
08h39 de 27 de março de 2024
Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 9
Valor médio do benefício subiu para R$ 679,23
-
Economia
06h59 de 27 de março de 2024
Ibram e CBPM anunciam a Bahia como sede da Expo & Congresso Brasileiro de Mineração em 2025
Com mais de 200 municípios mineradores e um faturamento de R$ 9,7 bilhões em 2023, tem crescido a relevância do estado no setor mineral
-
Economia
19h02 de 26 de março de 2024
WEG vai paralisar produção de turbinas eólicas em Santa Catarina, no 2º semestre
Diretor superintendente da WEG Energia, João Paulo Gualberto da Silva, explica que o setor passa por dificuldades