Publicado em 15/06/2017 às 16h38.

Carlinhos Brown anunciou o fim da Timbalada em 2001

Na ocasião, ele declarou que o grupo já tinha cumprido a sua missão. Agora, com as saídas de Millane e Denny, anuncia-se uma nova banda

James Martins
Foto: Divulgação
Foto: Carles Solís / Divulgação

 

A Timbalada, que recentemente agitou a imprensa e as redes sociais com o desligamento da cantora Millane Hora (que durou apenas 7 meses) e do cantor Denny (que fez parte do grupo por 25 anos, desde que tinha apenas 12), promete renovação no futuro próximo: “Uma nova Timbalada vem aí”, dizem nos bastidores, sem mais detalhes. “A Timbalada acabou”, agouram outros, desesperançosos. Porém, o que pouca gente se lembra é que o criador do grupo, Carlinhos Brown, programou e anunciou o fim da banda para 2001. Fim esse que (ainda bem) nunca chegou!

Lançada no início dos anos 1990, diretamente do bairro do Candeal, a Timbalada chegou como um verdadeiro fenômeno do Carnaval de Salvador e da música popular brasileira. O sucesso internacional do grupo é até pequeno perto do potencial de sua música, de seu visual e de todo o conceito estético. Em entrevista ao programa “Na Estrada”, da MTV Brasil, em 1998, o “Cacique” anunciou que a obra já tinha feito o que se propunha e programou o seu desfecho. “A obra precisa acabar no ano 2001, porque a gente já cumpriu o papel”, disse.

No mesmo depoimento, Brown explica: “As outras coisas têm que seguir o curso da vida, natural. O conceito é eterno, agora, a obra… ela vai findar. [Pelo menos] a partir de mim. Pode ser feito por outras pessoas. Mas, para mim, em 2001 eu entrego a obra da Timbalada para a população”. Desde então, a obra não apenas continuou, com o próprio Carlinhos como mentor, gestor, curador, como lançou outros seis álbuns, além dos seis que já tinha.

Curiosamente, o que se viu nos últimos meses, desde a chegada de Millane, diretamente do “The Voice” para os vocais da banda, foi justamente uma tensão entre a escolhas do artista e o anseios do público (ao menos de parte dele). Ou seja, a reivindicação da “população” citada por Brown em sua declaração – a quem ele promete entregar a condução da obra a partir de 2001 – que, de fato, queria/quer que a Timbalada seja mais dela, mais deles, que dele.

Na lista de pedidos que soavam como verdadeiras ordens, quando um grupo decidiu boicotar os ensaios sob a hashtag “#DevolvaMinhaTimbalada“, constavam intervenções estéticas tão explícitas quanto a “Volta dos instrumentos que fizeram ser o que é”; “Retorno do Timbal de Denny”; “Evitar a predominância do estilo pop, que descaracteriza NOSSA banda”; “Resgate das músicas antigas da Timbalada” etc. A ênfase no “nossa” do penúltimo item foi dada por mim. Por muito revelador que é.

Os pedidos não foram atendidos durante o verão. Ou apenas de forma parcial. Agora, o aparentemente maior desejo dos queixosos, a saída da cantora, que motivou todo o movimento, aconteceu. Mas, com ele, também a saída de Denny. A mais nova e o mais antigo são cartas fora do baralho. E ninguém sabe o que virá. Pelo visto, a tensão entre o criador e o público desembocará em uma super renovação mais que em uma “devolução”: “O curso da vida, natural”. O fim programado por ele para 2001 não se concretizou. Será que o renascimento em 2017 se dará, de fato? Por ora, resta torcer e esperar.

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