Publicado em 18/06/2019 às 12h20.

Cervejarias não investem em blocos afro por ‘racismo’, diz Vovô do Ilê

Fundador do Ilê Ayê afirmou que bloco deve sair um dia a menos em 2020 por falta de recursos; ele pediu intervenção do poder público para garantir investimentos

Luiz Felipe Fernandez
Foto: Luiz Felipe Fernandez/Bahia.ba
Foto: Luiz Felipe Fernandez/Bahia.ba

 

Fundador do tradicional bloco do Ilê Ayê, Vovô do Ilê marcou presença na manhã desta terça-feira (18) no Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde o governador Rui Costa formalizou uma parceria para financiar projetos de igualdade racial na Bahia. Em papo com o bahia.ba, Vovô se queixou da falta de recursos dos blocos afro e afirmou que as cervejarias que patrocinam o Carnaval de Salvador não se interessam em investir nas entidades devido ao “racismo”.

“O retorno [financeiro] eles têm. É racismo mesmo, da maioria das cervejarias”, ressalta Vovô, que acrescenta que o “povo negro” é o que mais consome a bebida. Em 2019, o Carnaval de Salvador foi patrocinado pela Skol.

O dirigente anunciou que o bloco está em processo definição do tema da folia momesca, mas que em 2020 o Ilê deve desfilar um dia a menos por causa dos “custos”. Ele defendeu uma intervenção do poder público no setor privado, que não tem priorizado os artistas locais, mas sim nomes “de fora” ou do gênero “sertanejo”.

“O Ilê esse ano vai cortar um dia por causa dos custos. Vamos ver se a gente consegue uma interferência do Governo, da Prefeitura, no setor privado, porquê as cervejarias não apoiam os blocos afros”, lamenta ele. “Antes de investir só no sertanejo, só no pessoal de fora, tem que investir antes em Salvador”, defende.

Assim como outras lideranças de movimentos sociais e lideranças de esquerda, Vovô também acredita que é – ou já passou – a hora de Salvador ter um candidato negro à Prefeitura nas próximas eleições.

Apontada como uma das possíveis apostas da oposição, a deputada Olívia Santana (PCdoB) é uma das preferidas do fundador do bloco, que também citou o vereador Moisés Rocha como um nome possível. “Tem vários nomes”, garante. Presente no evento, Olívia se disse “feliz” por ser lembrada como potencial candidata.

“Para a campanha de 2020 nós queremos um prefeito ou uma prefeita negra. Em uma cidade onde a maioria é negra, os secretários são todos brancos, o governador é branco, o prefeito é branco. Então nós queremos essa mudança. Tem vários nomes, Olívia Santana seria um, tem Moisés Rocha também”, pondera.

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