Publicado em 11/02/2017 às 22h07.

Feijoada ‘gourmet’, crise e o cartão de crédito

Com serviço all inclusive, e shows de Guga Meyra, Tatau e Psirico, a Feijoda da Dadá parece ser imune aos tempos de crise

Fernanda Lima
Foto: Izis Moacyr/Bahia.ba
Foto: Izis Moacyr/Bahia.ba

 

Idealizada há cerca de 20 anos, a Feijoada da Dadá aconteceu neste sábado (11) na Unique, espaço de eventos localizado na Tancredo Neves. Com serviço all inclusive, comida e bebida à vontade, e shows de Guga Meyra, Tatau e Psirico, a festa, rotulada como VIP, é organizada pela quituteira Adalci dos Santos, a Dadá. Mas, se antes a baiana de acarajé montava seu tabuleiro no bairro da Barra, e vendia feijão no Alto das Pombas, na Federação, agora suas iguarias saem pelo preço de R$ 270. Para baianos e turistas que não poupam em tempos de crise, o que salvou mesmo foi o cartão de crédito, e os contatos.

Amiga de Dadá, Ana Rita, carioca e advogada – cargo que se arrepende de ter escolhido, “deveria ter sido funcionária pública” -, entrega: “Se essa festa fosse no Rio de Janeiro, eu não iria”. “Meu estado está quebrado, tudo de esvaindo, impossível pagar um valor destes”, afirmou ao bahia.ba. “Nem o Cabral pagaria. Ah, o Cabral tá preso”, continuou com bom humor. Sem querer se indispor com a companheira, a morena, que tem tatuado os pontos turísticos da capital fluminense na perna, enfatiza: “Paga quem pode, quem não pode que fique em casa”. Esta, no entanto, não é a máxima da maioria.

Priscila Carvalho (Foto: Izis Moacyr/Bahia.ba)
Priscila Carvalho (Foto: Izis Moacyr/Bahia.ba)

 

A compra da disputada camisa só foi possível para a arquiteta soteropolitana Priscila Carvalho através das “duas vezes no cartão”. “É caro, tanto que é a primeira vez que venho. Decidi vir porque não estarei aqui no Carnaval, e essa seria a ultima chance de vir para alguma festa que parece com a folia”, disse. “Ainda bem que cartão de crédito existe”, brincou.

E que é caro ninguém discorda. Produtor cultural, Daniel Silva falou que só veio porque “tem amigos”. E, por receio de perder a regalia, preferiu não ser fotografado, afinal, conforme ele disse, “a festa vale”. Ao lado dele, um amigo que pagou pela camisa continuou: “Pode ter crise, impeachment, a po##a toda, baiano come uma vez só mas não corta a festa”. E que venha o carnaval!

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.