Publicado em 03/07/2017 às 09h26.

Fim de uma Era: Após 65 anos, Bar Cruz do Pascoal aceita débito

O tradicional estabelecimento, de propriedade do galego Porfírio Amoedo, manteve-se desde o início com pagamento só em dinheiro vivo

James Martins
Foto: blog Santo Antonio
Foto: blog Turismo no Santo Antônio

 

O tradicional bar Cruz do Pascoal, no Santo Antônio Além do Carmo, é conhecido por diversas características: da vista privilegiada para a Baía de Todos-os-Santos ao clássico pirão de aipim com carne de sol.

Outro motivo da fama do estabelecimento não é necessariamente aprovado pela clientela: aqui, pagamento só em dinheiro. Pelo menos, era assim, pois há pouco menos de um mês o bar fundado pelo galego Porfírio Amoedo, em 1952, passou a aceitar cartão de débito no pagamento das contas.

“Rapaz, isso é uma verdadeira revolução. Eu jurava que nunca usaria dinheiro de plástico no Pascoal. Já até deixei de vir algumas vezes por que não tinha dinheiro vivo… E conheço pessoas, desavisadas, que passaram vexame na hora de pagar (risos)”, diz o engenheiro elétrico Newton Monte Alegre Filho, frequentador assíduo, em entrevista ao bahia.ba.

O motivo da adesão à era dos cartões foi justamente esse: conservar a clientela que não abre mão da comodidade (e segurança) de andar sem dinheiro no bolso. “Não tinha mais jeito. Seu Porfírio resistiu o quanto pôde, por ele continuaria sendo só em dinheiro, mas é inevitável dar o braço a torcer às novas tecnologias”, explica o administrador do bar, e genro do proprietário, Antonio Carlos Corujeira.

A caixa registradora do Pascoal, ícone de um outro tempo (Foto: Divulgação).
A caixa registradora do Pascoal, ícone de um outro tempo (Foto: Divulgação).

 

Para quem por acaso ainda não se localizou, o Cruz do Pascoal fica na Rua Direita de Santo Antônio Além do Carmo, n° 2, mais exatamente no Largo da Cruz do Pascoal, cujo nome vem do oratório público construído em 1743 pelo português Pascoal Marques de Almeida, em devoção à Nossa Senhora do Pilar.

O bar é frequentado por artistas, boêmios, turistas e cidadãos comuns. O músico Márcio Victor, do Psirico, é um dos mais assíduos. Gilberto Gil, que na infância morava em frente e sempre estava por ali, também aparece vez ou outra.

Pagamento no modo crédito, por enquanto ainda não é possível. “Um passo de cada vez”, diz Antonio Carlos. De qualquer forma, encerra-se uma etapa e inicia-se uma nova era no mundo boêmio de Salvador.

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