Publicado em 15/07/2018 às 15h50.

Flerte Flamingo, a banda que vem inovando o Samba Rock em Salvador

Em entrevista ao bahia.ba, o grupo soteropolitano revelou um pouco de como surgiu e algumas das influências que os norteiam

Luiza Lopes
Foto: Michaela Sousa.
Foto: Michaela Sousa

A banda Flerte Flamingo, marcada por sua singularidade no cenário baiano, realiza a segunda edição do evento Pasinada, no próximo dia 20. E, durante entrevista, revelou um pouco de como surgiram e algumas das suas influências pessoais. Composta por Leonardo Passovi (vocal e guitarra), Rodrigo Santos (guitarra e vocal), Cesar Neto (baixo e vocal), Bernardo Passos (percussão), João Gabriel Fonseca (teclado) e Moacyr Cortes (bateria), o grupo baiano vem agitando as noites soteropolitanas com seu primeiro EP.

Confira abaixo na íntegra a entrevista feita pelo bahia.ba com os integrantes:

Bahia.ba: Sabemos que a banda já passou por algumas mudanças de membros mas, afinal, como a Flerte Flamingo surgiu?

Leonardo Passovi: A banda surgiu uma vez que eu encontrei com Nandinho (Fernando Tavares, guitarrista original da Flerte), nós dois tocávamos separadamente em casa e sempre tivemos vontade de ter uma banda. Ele me apresentou César e a gente decidiu que queríamos fazer musica juntos, o que a gente compusesse ia sair, sem se propor a nada em especifico em termos de ‘vamos fazer uma banda disso ou daquilo’, nada definido. Só queríamos que fosse original, extremamente original, porque a gente não queria copiar nada nem fingir nada que não fosse muito verdadeiro. Demoramos a achar os membros até que, quando a gente propôs musicas que a gente acreditava, a gente botava fé que nos representava, gravamos e então percebemos que uma formação normal de banda, como é clássico, duas guitarras, baixo e bateria, não estava satisfazendo a gente. O tipo de som que a gente fazia pedia, de certa forma, percussão, mais percussão, puxando mais pro regional. E ai foi justamente quando a gente se encontrou mais. Bernardo entrou pra acrescentar isso, Digão (Rodrigo Santos) entrou pra acrescentar muito mais coisa, composições e tal, depois que nosso primeiro guitarrista foi morar fora, Ravel, nosso baterista, também foi morar fora e ai Moacyr entrou, nossa formação atual é essa, e César, que está no intercâmbio e foi substituído, por enquanto, por Joao Gabriel no baixo.

Bahia.ba: Entre as influências de vocês como músicos, quais acham que norteia a banda?

Rodrigo Santos – Jorge Ben (risos), a gente toca samba e vertentes, e ele fazia isso. A forma como ele toca não é a forma ortodoxa e a gente também faz dessa forma. As mudanças que fazemos e as nuances que a gente segue são parecidas com as dele, essa coisa mais espacial mais…

Bernardo Passos – Eu gostaria de acrescentar, me perdoe Rodrigo, eu acho que no começo a gente era bastante em Jorge Ben e agora, não que a gente tenha se distanciado dele, mas estamos nos aproximando um pouco de Seu Jorge.

Leonardo Passovi – Seu Jorge vindo diretamente da Inglaterra com overdrive na guitarra (risos). Olhe só, eu concordo plenamente com o que os caras falaram, principalmente no que Digão falou, que é tocar de certa forma samba e musica brasileira em geral, não da forma ortodoxa, que tá intrinsecamente ligada aos instrumentos que a gente escolhe pra tocar isso. Mas em termo de artista, eu acho que não fica só em Jorge Ben, a gente pega tudo aquilo que temos o costume de ouvir de musica brasileira inclusive musica baiana, os principais nomes aqui da Bahia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, os discos de Gal Costa, Dorival Caymmi, isso na parte de compor músicas. E na parte de roupagem já entra coisas mais modernas, entra influências estrangeiras inclusive, Beatles, Anos 60, Tropicália, Mutantes, Led Zeppelin, Arctic Monkeys, Mac Demarco.

Moacyr Cortes – Antes de entrar na banda, a banda tinha um baterista com uma pegada muito rock , então depois que eu entrei na banda, eu tentei trazer mais uma pegada brasileira. Eu considero o Flerte Flamingo uma banda de Samba Rock, mas depois que eu entrei, hoje, ela está mais samba do que rock.

Bahia.ba – E quais são as inspirações para escrever as músicas e de que forma vocês montam o repertório?

Leonardo Passovi: Quanto as músicas, individualmente como elas foram feitas, não só na hora de montar nosso repertório mas o tipo de inspiração que a gente tem, se for olhar a temática das musicas costuma ser sempre uma coisa relacionada a relações interpessoais, tema romântico. Acho que todas as músicas ate agora tem essa vertente, pelo menos parcialmente. E quanto a escolha do repertório, a gente se bateu no Mc Donalds da Graça pra decidir, porque a gente tinha algumas músicas autorais pra tocar, do primeiro show, mas precisávamos preencher o repertório, e foi ai que entraram os covers. Quando tem uma música assim que você tem muita vontade de tocar e que combina com o estilo da banda. Por exemplo, tinha uma que a gente tocava que era Toque de São Bento Grande de Angola, que é uma música de capoeira e que tem uma harmonia no estilo que a gente trabalha e tinha tudo a ver dentro dos nossos arranjos e quando a gente foi montar a ordem das músicas, a Índigo  (antiga banda de Rodrigo Santos) tinha acabado, e não queríamos que essas musicas morressem, porque eram muito boas, e por serem samba a gente acabou adotando.

Bahia.ba – Como tem sido a adesão do publico ao álbum? Surpreendeu?

Leonardo Passovi – Surpreender não da pra saber porque surpreender é uma comparação com algo que a gente estava esperando, e a gente não estava esperando nada! Tínhamos lançado algumas músicas, as pessoas próximas começaram a gostar e é totalmente verdade que quando lançamos esse EP de agora, que é mais completo, mais conciso, maior inclusive, que atualmente é a base do nosso repertório ao vivo, ele realmente aumentou nosso público, aumentou nosso alcance, mais pessoas conheceram a gente e começaram a ouvir. Realmente tiveram situações bem surpreendentes de algumas pessoas que a gente não esperava, antigos conhecidos ou pessoas de núcleos aleatórios que apareciam nos shows ou comentavam das músicas. E ai de repente o nosso público começou a ser mais frequente, mais fiel nos shows e começamos a ter as plateias, graças a deus, mais cheias.

Bahia.ba – Vocês se incomodam com o rótulo de Samba Rock?

Leonardo Passovi: A gente nunca pensou em qual seria o estilo então quando as coisas começaram a sair, as músicas começaram a ficar prontas e com isso a banda criar uma cara em geral, ficamos completamente perdidos em relação a qual seria o rótulo, aceitamos samba rock porque as composições tem muito disso. Já tiveram pessoas falando os maiores absurdos em relação ao nosso gênero que eu falo “rapaz eu nunca enxergaria dessa maneira, mas se você vê, eu entendo”, já falaram que a gente era rock psicodélico, com muita fé! Mas eu acho que por ser música brasileira, em sua essência, as pessoas na mesma hora relacionam com o samba e quando você pensa em guitarra, é rock de certa forma, então a Flerte Flamingo com o rótulo de samba rock é compreensível. É uma generalização muito grande que cabe.

Bahia.ba – E quando saí o próximo trabalho?

Leonardo Passovi: Ah, não temos data, uma coisa de cada vez! Primeiro o México depois a Bélgica. Quando terminar essa gravação a gente vai pensar na próxima. A gente já começou a rotina de estúdio pra gravar duas músicas que a gente vai lançar pra alimentar o interesse do público e pra manter a coisa quente ate que a gente solte o próximo material, que seja talvez até mais extenso.

Bahia.ba – E qual é o próximo passo pra Flerte Flamingo?

João Gabriel Fonseca: Eu acredito que o próximo passo seja gravar uma quantidade nova de músicas, ser divulgado, e a partir disso fazer um novo show de lançamento com um repertório relativamente novo e se preparar para uma possível turnê em regiões próximas, talvez cidades do interior da Bahia, e quiçá do Nordeste. E porque não pensar mais alto? Levar o show pro Sudeste, pro Sul… Porque só dessa maneira atingiremos o nosso objetivo final que é ser conhecido, ao menos em nível nacional, ter alguma projeção significante num cenário maior do que o soteropolitano. A gente tem consciência de que isso é um trabalho de formiguinha, um negocio que demora, que não é fácil, mas precisamos ter desde cedo a mentalidade de sempre mirar alto, tem que tentar! Isso é o mais importante. Se vai dar certo, a gente nunca sabe, mas o importante é sempre mirar na lua e atingir as estrelas.

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