Publicado em 12/02/2017 às 15h37.

Fora da folia baiana, Tatau exalta necessidade de apoio governamental

Para o cantor, grande parte dos grupos não quer protestar politicamente, pois precisa do subsídio de recursos públicos

Fernanda Lima
Foto: Izis Moacyr/Bahia.ba
Foto: Izis Moacyr/Bahia.ba

 

O cantor Tatau, ex-Araketu, que após polêmicas com a banda segue em carreira solo, apresentou-se neste sábado (11) na Feijoada da Dadá. Habituado a grandes públicos à frente do grupo, onde ficou por 22 anos, o artista criado no bairro do Tororó passará a maior parte do Carnaval de Salvador afastado da capital. Em entrevista ao bahia.ba, o cantor revelou – sem detalhar os locais – que tocará na folia da região Norte do Brasil, mas negocia uma possível participação na folia soteropolitana.

Apesar da nova realidade, Tatau segue de forma ativa na elaboração de novos hits baianos e nacionais. Em 2015, escreveu “Xenheném”, que ganhou fama na voz de Márcio Vitor, do Psirico, e no ano seguinte compôs “126 cabides” para a dupla de irmãs Simone e Simaria. Foi em 1988, contudo, que o cantor fez história quando, junto a Paulo Moçambique, escreveu “Protesto do Olodum”, um retrato documental da época em que moradores do Pelourinho foram expulsos do local, pelo governo de Antônio Carlos Magalhães, para suposta restauração da área.

Diante da crise e da necessidade do apoio governamental aos blocos afro, como o Olodum, que lançou o Protesto, Tatau enxerga como “um caminho inteligente” que os grupos não queiram participar de protesto políticos, como fez ele e Moçambique.

“Os blocos afro sempre tiveram uma ligação muito forte com o governo. Não tem porque a gente buscar um caminho divergente, já que a ajuda do governo é muito importante para que a gente sobreviva, que a cultura se espalhe. Na época de Protesto muitas coisas que aconteciam não acontecem mais. O apartheid, naquela época, era algo muito mais severo. Hoje ainda existe, mas melhorou”, falou à reportagem.

Sobre o pagode baiano, gênero que não costuma entoar durante as apresentações, Tatau formula uma distinção de duas vertentes do estilo: “a preocupada e a despreocupada”. “Nós temos pagodes de muita qualidade, como o Harmonia do Samba, que para mim é o melhor nesse sentido. Já outros entram em polêmicas”, explicou.

O bahia.ba o lembrou ainda sobre o carnaval de 2010, quando não cantou “Lobo Mau”, assim como Carla Perez, por sugerir que a música faria apologia à pedofilia. “Na época, eu fazia uma campanha do governo contra a violência sexual à criança e ao adolescente. Eu fui ao trio com a temática toda esclarecida dentro da minha mente, e essa canção definitivamente não se encaixava nela”, esclareceu.

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