Publicado em 15/05/2017 às 08h25.

Kikuchi: ‘Gil melhorou bastante, mas escorrega demais’

Japonês naturalizado brasileiro e mestre da macrobiótica, Tomio Kikuchi é a principal referência da macrobiótica na América Latina e importante na vida do artista baiano

James Martins
Foto: James Martins/ bahia.ba
Foto: James Martins/ bahia.ba

 

O professor Tomio Kikuchi, pai da alimentação macrobiótica na América Latina, é um homem múltiplo. Japonês naturalizado brasileiro em 1972, aos 91 anos ele é mestre em Aikidô, autor de obras como “Autocontroleterapia – Transformação Homeostática pelo Tratamento Independente”, fundador-presidente do Instituto Princípio Único do Brasil e já foi chamado de sucessor de Charles Darwin.

Mas ele se considera também um seguidor de Ivan Pavlov (exibe com orgulho fotografias ao lado da estátua do fisiologista russo, conhecido principalmente pela sua tese de condicionamento clássico, por ocasião de palestras que proferiu na universidade de Moscou) e do grego Hipócrates, o pai da medicina. Logo, Kikuchi é um médico.

Em sua conta, aliás, estão a cura de inúmeros cânceres, sempre por meio da alimentação, exercícios e controle psico-sentimental, sem uso de medicamento alopático – “Tratam apenas os sintomas. São paliativos e só agravam o mal, no fim”. No Centro Internacional de Autoeducação Vitalícia, na sala do Instituto Princípio Único, anexo ao restaurante Satori, que dirige na Liberdade, bairro oriental de São Paulo, o mestre falou com exclusividade ao bahia.ba: “Tudo começa pela boca. Morre-se pela boca. É preciso saber viver por ela”.

Foto: James Martins/ bahia.ba
Foto: James Martins/ bahia.ba

 

No ano passado, nos intervalos das inúmeras internações de Gilberto Gil, para tratamento de um problema renal, Flora, mulher e empresária do cantor, disse que ele saiu do hospital direto para o Satori. Em outra ocasião, ao comentar os livros referência do marido, ela declarou: “Outro muito importante é um que ele tem na mesinha de cabeceira, ‘Autocontroleterapia’, sobre técnicas de meditação. Quando ele está doente, em vez de abrir a gaveta de remédio, ele abre este livro”.
Perguntado sobre o estado atual de Gil, Kikuchi afirma, em seu estilo ríspido e humorado como um verdadeiro mestre zen. “Melhorou bastante! Mas, quando melhorou, começou a viajar para fora… Aí começa a beliscar, a escorregar… Melhora e esquece a coisa diária… Ele escorrega muito… e aí piora”, disse.

Sempre com ênfase à importância da boca no gerenciamento do corpo, o professor lembra que em sua infância no Japão o país não consumia açúcar. “Não existia dentista lá. Não tinha cárie dentária”, afirma, e continua, “depois que o Japão passou a importar açúcar, começaram as cáries, os dentistas, a degeneração. Açúcar é degeneração, não evolução, quem diz é o próprio Darwin”.

Bastante firme para um homem de 91 anos, ele usa o próprio corpo e a própria vida como exemplos. “Palavras sem exemplo são vazias. Meu ritmo cardíaco é intenso, firme, eu sou a comprovação do que digo”, assegura.

Imigrante japonês com o maior volume de obras editadas em português, Kikuchi, condecorado com o título de “Cidadão Paulistano” em 1998, que já fez diversas palestras em Salvador, a última delas no ano passado, na verdade um ciclo, sobre “Autoeducação Vitalícia”, espera retornar à capital baiana em breve. “Em Salvador capricham quando eu vou”, conclui.

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