Publicado em 03/04/2017 às 10h17.

Margareth Menezes grava participação em canção pelas terras indígenas

"Demarcação Já", de Carlos Rennó e Chico César, reúne diversos artistas em busca de sensibilização contra a PEC 215. Projeto aportou em Salvador na última sexta

James Martins
Foto: James Martins / bahia.ba
Fotos: James Martins / bahia.ba

 

O projeto “Demarcação Já”, concebido pelo letrista Carlos Rennó e que visa sensibilizar a sociedade contra a PEC 215, aportou em Salvador na última sexta-feira (31). Nos estúdios WR, a cantora Margareth Menezes gravou sua participação na longa canção indigenista, composta por Rennó e Chico César, e que reúne 23 intérpretes em torno da causa da demarcação das terras indígenas.

“Essa é a questão mais importante para os índios brasileiros no momento, a da terra”, diz o autor de versos como: “Já que diversos povos vêm sendo atacados / Sem vir a ver a terra demarcada / A começar pela primeira no Brasil / Que o branco invadiu já na chegada// A do tupinambá // Demarcação já! / Demarcação já!”.

Margareth, que chegou ao estúdio visivelmente animada com a oportunidade de tomar parte na causa, fez questão de ressaltar o sangue índio que corre em suas veias. “Eu sou filha de preto com índio. Minha família de Ilha de Maré é indígena. Por isso também essa questão me sensibiliza, me incomoda especialmente. Eu sofro junto com os índios”, disse.

Ela comentou ainda o atraso na configuração política do país, que vitimiza sempre os mais pobres: “É preciso acabar com essa coisa antiga, independentemente de quem esteja no poder, de o povo pagar a conta de tudo. As grandes empresas estrangeiras vêm para cá, não pagam impostos, são liberadas, e nós pagamos por eles. Estamos cansados!”.

Momentos antes da gravação, um papinho animado com café.
Carlos Rennó e Margareth Menezes. Momentos antes da gravação, um papinho animado.

 

A gravação transcorreu em tempo relativamente curto, mas foi o suficiente para Maga demonstrar a força de sua garganta e de sua inspiração. Emocionada, ela cedeu às lágrimas após repetir “deixa o índio lá” diversas vezes, chegando a evocar textualmente os parecis, seus “parentes do Mato Grosso”, disse. E emocionou a todos os presentes na sessão.

Olhando a cantora pelo vidro do estúdio, Carlos Rennó, visivelmente satisfeito com a interpretação da artista, comenta: “É, de fato, uma ‘pretíndia‘”. E completou, ao final: “Ela cantou e dançou incorporada de uma ancestralidade que se manifestou de um modo que nos arrepiou a todos”.

Todo o processo, feito em parceria com o Greenpeace, o ISA (Instituto Socioambiental) e a Bem-Te-Vi, além das produtoras Cinedelia e O2, é registrado pelo cineasta André D’Elia, diretor de filmes socioambientalistas como “A Lei da Água”, e será lançado em vídeo junto com a canção na semana da mobilização nacional indígena (a maior que já houve), de 24 a 28 de abril, em Brasília.

o cineasta André D'Elia está fazendo um curta/clipe da canção.
o cineasta André D’Elia está fazendo um curta/clipe da canção.
Carol Marçal Santos, produtora e ativista do Greenpeace, um dos apoiadores.
Carol Marçal Santos, produtora e ativista do Greenpeace, um dos apoiadores.

 

“Demarcação Já” foi gravada por Arnaldo Antunes, Céu, Chico César, Criolo, Djuena Tikuna, Dona Onete, Elza Soares, Felipe Cordeiro, Gilberto Gil, Lenine, Leticia Sabatella, Lirinha, Margareth Menezes, Maria Bethânia, Marlui Miranda, Nando Reis, Ney Matogrosso, Russo Passapusso (Baiana System), Tetê Espíndola, Zeca Baleiro, Zeca Pagodinho, Zé Celso Martinez Correia e Zélia Duncan.

A produção musical é assinada por Apollo Nove. Todas as participações se deram de forma graciosa – pelo amor à causa.

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