Publicado em 27/12/2016 às 09h39.

Novinhas do Funk de Cristo: Igreja promove disputa entre fiéis

Um vídeo divulgado no YouTube mostra jovens fazendo o quadradinho em frente ao altar enquanto o MC comanda: "Chamando Jesus de Rei - Rei, Rei, Rei, Rei (Geral!)..."

James Martins
Foto: Reprodução do YouTube
Foto: Reprodução do YouTube

 

Depois dos Atletas de Cristo, dos Pagodeiros de Cristo e até mesmo dos Metaleiros de Cristo, o Nazareno ganhou mais um segmento de fiéis: As Novinhas do Funk de Cristo. Um vídeo que está bombando nas redes sociais mostra um concurso de funk carioca realizado em pleno culto da Igreja Mundial do Poder de Deus, em Belo Horizonte (MG), e divide opiniões. Para alguns, é uma forma bem vinda de atrair jovens para os braços do Senhor; mas, para outros, tudo não passa de armadilha de Satanás.

Nas imagens, novinhos e novinhas dançam com muita habilidade ao ritmo do gênero mais sensual em atividade no país, inclusive fazendo o famoso quadradinho. Porém, a letra do funk não fala em sexo, nem exalta traficantes, muito pelo contrário: aqui o muso é Jesus. “Chamando Jesus de Rei – Rei, Rei, Rei, Rei (Geral!)…”, canta o MC, enquanto, diante do altar, as candidatas evocam a presença de Anitta. “Meus irmãos, até onde vamos parar com isso? Jesus é santo e as coisas a ele dedicadas têm que ser santas também!!!”, comenta um homem no YouTube. “Isso é uma afronta ao povo verdadeiro que adora Cristo de alma e coração”, diz outro.

Na verdade, a conversão do funk (ou a conversão através do funk) já está mais avançada do se pensa. No Rio de Janeiro, no ginásio do Bangu Atlético Clube, o Ministério Libertos Para Adorar promove mensalmente um baile funk gospel, agitado pelos MCs Leozão, Diego e Bruna Martins. E é um sucesso! Também nesse caso, a cultura evangélica adapta parte dos hábitos aos desígnios das igrejas: não tem álcool, não tem sexo, não tem drogas ilícitas. Mas a sensualidade que enlouqueceu o Rei Herodes e fez João Batista perder a cabeça, ah, essa tem. E muito!

Segundo o pastor Alessandro Annechine, cerca de 30% do público do baile não é convertido e uma das funções do evento é pescar essa almas para o seio do Senhor. “Eu acho que é válido sim. O cristão não pode viver isolado, não pode se trancafiar. Tudo é bom se for feito com unção e sem escandalizar”, diz Vera Borges, que congrega na Igreja Renascer em Cristo. Enquanto não se chega a um consenso, um fato é inegável: o mercado gospel está cada vez maior e mais lucrativo, atraindo todos os gêneros de fiéis, artistas e empresários.

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