‘O lugar dela é na cadeia’, diz filho de JG sobre ex-mulher do cantor

A confusão financeira em torno do artista João Gilberto, além de parecer infindável, tem se agravado. Ele tem uma dívida de R$ 5 milhões junto ao banco Opportunity e é pressionado em direções opostas sobre quitar ou não o débito. De um lado, contrários ao pagamento, estão seus filhos mais velhos, João Marcelo e Bebel Gilberto; do outro, favorável, a ex-mulher e mãe de sua filha caçula, Claudia Faissol.

João Marcelo e Bebel consideram o acordo abusivo e, além disso, acusam Cláudia de ter interesses econômicos na transação. O empréstimo foi adquirido justamente para organizar as finanças de João Gilberto, o pai da bossa nova, que em 2011 perdeu um processo por não devolver adiantamentos milionários para uma turnê que cancelou sob alegação de problemas de saúde.

O contrato previa um financiamento de R$ 10 milhões em duas parcelas iguais. O cantor recebeu a primeira no mesmo dia da assinatura, mas a segunda parte não saiu. Pelo acordo, o Opportunity abocanhou 60% dos direitos autorais dos quatro primeiros discos do músico, considerados os pilares de uma revolução musical em escala mundial, e tornou-se responsável por administrá-los.

“Antes de precisarmos fechar o negócio com o Opportunity, recorri a toda a malha governamental. Houve improbidade pública por parte do governo, que não ajudou a cuidar de um bem imateria da cultura brasileira e mundial”, defende-se Claudia Faissol, em entrevista à Folha de S. Paulo. Ela prossegue: “Os filhos não fizeram nada melhor, só criticaram a situação”.

O banco também assumiu uma briga judicial longuíssima de João contra a gravadora EMI. No caso, a instituição ficará com metade da indenização (cujo valor ainda não foi estabelecido) paga ao cantor. Para intermediar a negociação, Claudia assinou um contrato que lhe dá direito a 5% da indenização que cabe ao Opportunity e 10% dos direitos autorais que ficaram com o banco.

João Marcelo, também em declaração à Folha, bate pesado: “Ela enganou um senhor de idade e roubou eu futuro. Meu pai está quebrado. O lugar dela é na cadeia”.

As brigas não têm fim. A própria Claudia reclama da morosidade do Opportunity no processo contra a EMI e a gestão dos direitos autorais, que, segundo ela “tem prejudicado em muito o artista, deixando parte importante da obra em estado de desleixo e dando margem à contrafação”.

Já o banco se defende, em comunicado, e afirma que “já investiu quantia superior a R$ 8 milhões no projeto, o que possibilitou elevar o potencial de exploração das obras”.

Enquanto isso, todos concordam que o clima de guerra só prejudica ao maior revolucionário da música brasileira. Claudia diz que o artista está desgostoso com o comportamento dos filhos. Enquanto João Marcelo justifica os ataques como defesa: “Ela foi a destruição dele. Sinto que estou desrespeitando-o ao falar disso, mas chega um ponto em que não falar em sua defesa é um desrespeito maior”.