Publicado em 13/01/2017 às 09h08.

Ronaldo Bastos: ‘É preciso cuidar da Bahia, da paisagem, da cidade’

Autor de clássicos da MPB, o compositor carioca participou da Lavagem do Bonfim, que lhe fez refletir sobre o descaso com o patrimônio arquitetônico em Salvador

James Martins

O compositor Ronaldo Bastos também esteve na Lavagem do Bonfim, nesta quinta-feira (12). Autor de inúmeros clássicos da música brasileira, como “Cais” (com Milton Nascimento) e “Um Certo Alguém” (com Lulu Santos), Ronaldo, embora tido por mineiro graças à sua participação no Clube da Esquina, é de Niterói (RJ). Mas sua ligação com Salvador, onde passa longas temporadas há um longo tempo, nos permite dizer que ele é baiano também. Sobre a Lavagem, por exemplo, já perdeu as contas de quantas participou. “Venho há muitos anos. Adoro a festa, embora nunca chegue até o Bonfim, geralmente fico aqui mesmo pelo Comércio”, disse, em conversa com o bahia.ba.

As recordações e sua ligação com a Bahia remetem à infância. “Meu pai veio a Salvador, e nos levou uns cartões postais, com a primeira imagem da Bahia que eu tive: o Elevador Lacerda e a cidade vista a partir do mar, com aquele casario atrás”, diz. E completa as memórias com uma referência direta à festa e às recentes discussões sobre o patrimônio arquitetônico da capital baiana, vide o caso La Vue. “Lembro que todo ano, nas transmissões da festa pela TV, reparava na imagem de ACM [o avô], bem vestido, de branco, e aparecia aquele casario atrás, todo detonado. Eu já questionava o porquê que ele cuidava do figurino, mas não do cenário. Hoje é a mesma coisa, é preciso cuidar da Bahia, da paisagem, da cidade”, conclui.

Em 2016, Ronaldo Bastos, o Dubas, lançou, em parceria com Luciano Calazans e na voz de Saulo, a canção “De Boa”, que movimenta uma fanpage no Facebook onde a tradição da música melódica de Carnaval da Bahia é revivida. “Vamos continuar alimentando, movimentando as redes, Instagram, tudo, de boa”, diz.