Publicado em 20/12/2018 às 13h06.

Russo Passapusso confirma novo álbum do BaianaSystem com novas parcerias

Em entrevista ao bahia.ba, vocalista fez elogios ao rapper Vandal e afirmou que único objetivo do trabalho é "valorizar" a cultura baiana; "Chamar atenção não é a nossa"

Luiz Felipe Fernandez
Foto: Arquivo Pessoal/Instagram
Foto: Arquivo Pessoal/Instagram

 

Prestes a completar 10 anos de estrada, a banda BaianaSystem está nos últimos preparativos para o lançamento de mais um álbum. Se”Outras Cidades” (2017) trouxe remix de músicas já consagradas do “Duas Cidades” (2016) e outros singles, o novo trabalho – batizado por ora de XXX ou “disco 3” – deve surpreender os fãs com composições e parcerias inéditas.

Entre os nomes convidados para participar do álbum da BS, produzido mais uma vez por Daniel Ganjaman, estão os músicos baianos Antônio Carlos e Jocáfi, autores de músicas como “Abusou” e que fizeram sucesso nos anos 1970. A dupla é uma inspiração para Russo, que atribui a eles um papel importante na sua formação, principalmente após a sua chegada a Salvador.

“Eles são meus pais, minha família. Quando eu vim do interior, minha família havia sido despedaçada – tive uma história de vida ‘meio pá’. Quando cheguei aqui, tudo aconteceu de forma meio desastrosa. Fui morar na Boca do Rio, aluguei uma casinha e comecei a trabalhar de Telemarketing”, lembrou ele em conversa exclusiva com o bahia.ba.

“Botei esse disco de Antônio Carlos e Jocáfi lá em casa e ele me explicou muita coisa. Era como um amigo, eu ouvia: ‘Se deus desse asa às cobras, tirava o veneno'(Contra Veneno, 1975). Eu ouvia aquilo ali, me tirava a tristeza…eu ouvia como se fosse um livro, e é importante isso […] Hoje as pessoas acham que sabem respirar, que sabem ler, que sabem ouvir, que sabem escrever. Todos são fotógrafos, todos são jornalistas, todos são músicos, e não é isso”, completou.

Outro que está garantido no álbum que será divulgado em 2019 é o rapper Vandal, conhecido como “ladrão de faixas” nos bastidores por roubar a cena nas músicas em que participa. Rosto frequente nas apresentações do BaianaSystem e dono de uma personalidade e estilo irreverentes, o cantor foi bastante elogiado pelo vocalista da BS e amigo pessoal.

Segundo Passapusso, a presença de Vandal é fundamental para a conexão da BS com a cultura da periferia:”Música do gueto tem que ser feita por quem vive lá, mora lá, que sabe da realidade. Vandal para gente é essa autenticidade. Vandal é a realidade das ruas”.

O músico reconhece em Vandal uma figura que representa o crescimento da autoestima dos pretos e favelados de Salvador. Autointiulado “anti-Estados Unidos”, Russo reconhece a “importância do movimento negro” norte-americano, mas quer ver outros pretos e baianos como ídolos da juventude local.

“Não gostaria que uma criança de Salvador preferisse ser Jay-Z, Kanye West, do que ser cantor de samba-reggae, como Lazzo ou Gerônimo”, compara. O músico Curumim, o maestro Bira Marques & Orquestra Afrosinfônica e o também rapper paulista Edgar, também foram confirmados por Russo no novo CD.

Russo também faz questão de se distanciar, não do pagode, mas do estigma e da obrigação de fazer “música comercial”, ainda que reconheça a suposta receita para emplacar hits no verão baiano:

“As pessoas preferem músicas que tenham lembranças afetivas daquilo que está na moda. No verão tem um detalhe que é falar do corpo, de bunda, se eu falar bunda, buceta, todo mundo vai olhar pra mim, mas eu prefiro um caminho mais longo […] Chamar atenção não é a nossa”.

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