Publicado em 13/01/2017 às 07h58.

Tatti Moreno: ‘A alegria do Bonfim era muito maior com as carroças’

Um dos maiores artistas plásticos do país, o criador dos "Orixás do Dique do Tororó", conversou com o bahia.ba durante a festa

James Martins

Foto: Ísis Moacir / bahia.ba — Foto: Izis Moacyr / bahia.ba

Um dos artistas plásticos mais importantes do país, Tatti Moreno não perde a Festa do Bonfim desde quando se entende por gente. “Só não vim no ano passado, porque tive um problema na perna, mas este ano estou aqui de volta, recuperado”, disse, nesta quinta (12), em conversa com o bahia.ba.

Muito inspirado nas manifestações populares e na religiosidade do povo baiano, o criador dos “Orixás do Dique do Tororó” lamenta que o envolvimento com a Lavagem do Bonfim já não seja tão intenso quanto era na sua juventude. “Uma amiga observou que, na véspera da festa, não havia nenhuma referência a ela nos shoppings. Os comerciantes deveriam atentar-se para isso, para gerar movimentação”, analisou. E completa: “A duração também não permite maior envolvimento, é tudo muito rápido. Às 14 horas praticamente já acabou tudo ali na frente da igreja. E era uma festa que durava por dias e dias…”, reflete.

Tatti considera ainda a ausência das carroças e dos jegues uma grande baixa para o cortejo. “Era uma alegoria, um espetáculo cênico, as carroças enfeitadas, os animais, aquilo mobilizava muita gente, para produzir e para assistir, a alegria era muito maior”, diz. Questionado sobre os argumentos dos protetores dos animais, que capitanearam a proibição, ele responde: “Eu sou a favor de proteger os animais sim. Acho válido, é claro. Mas os animais aqui não eram maltratados não. Eles eram muito bem cuidados pelos seus donos, tinham água etc”.

Bem humorado, mas ainda reflexivo, o artista finaliza: “O máximo que acontecia era que ficava aquele rastro de cocô. Mas, ainda assim, vinham pessoas atrás e jogavam pó-de-serra. A alegria era muito maior com as carroças”.