Publicado em 15/03/2019 às 11h50.

‘Vocês acham que Bolsonaro já leu um livro?’, pergunta Wagner Moura

Diretor de "Marighella" diz temer futuro da arte e da cultura no governo Bolsonaro e afirma que 'mamadeira de piroca' o ajudou a vencer eleição

Redação
Foto: AgNews
Foto: AgNews

 

De tanto mandarem, Wagner Moura foi para Cuba – temporariamente. O ator e agora diretor foi à ilha socialista para gravação do filme “Wasp Network”, do cineasta francês Oliver Assayas. No entanto, antes de viajar, o baiano marcou presença no Festival de Berlim, onde fez a exibição do seu primeiro longa na direção, “Marighella”.

Em coletiva de imprensa, Wagner Moura falou sobre o viés ideológico da obra, criticou o presidente Jair Bolsonaro e afirmou que o longa era maior do que o próprio capitão reformado. O diretor também disse estar preocupado com o futuro da “arte” e da “cultura” no Brasil no novo governo e questionou: “Vocês acham que Bolsonaro já leu um livro? Honestamente. Que já foi a um teatro?”.

Nos tempos de compartilhamento em massa, por meio de redes sociais e WhatsApp, o ator que viveu Pablo Escobar na série “Narcos” diz que as fake news foram uma das responsáveis pelo resultado nas eleições. Ele utilizou como exemplo a notícia falsa de que Manuela D’Ávila (PCdoB), então candidata a vice-presidente, usaria uma “mamadeira de piroca” para alimentar a filha.

“No Brasil, quem ganhou as eleições? Não foram só os erros da esquerda. Coisas como a mamadeira de piroca. A mamadeira de piroca ganhou as eleições no Brasil! E não estamos falando só do Brasil. Fiquei sabendo que Donald Trump mente 11 vezes por dia. Vivemos em um momento em que a verdade não importa. Não importa! Seja lá o que fizerem [a extrema-direita] – dizer que estou cheirado, ou que a esquerda distribuía a mamadeira de piroca – funciona”, explica o ator, que diz que já começaram os ataques cibernéticos.

“Já está acontecendo uma campanha de descrédito de minha pessoa. É horrível, mas estou pronto. Antes de vir para Berlim, dei entrevista para o portal de esquerda Brasil de Fato. No final, disse que adoraria ter uma troca de ideias com alguém da direita brasileira. Mas quando eu olho para o espectro da direita no Brasil, eu não vejo ninguém com quem eu de fato gostaria de sentar para conversar, porque são tão agressivos, medíocres”.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.