Publicado em 01/06/2016 às 07h00.

Arbitragem da CBF recomenda punição para mau uso do ‘fair play’

O ex-técnico da seleção portuguesa não permitiu que a sua equipe devolvesse a bola para o adversário, após uma simulação de confusão

João Brandão
(Foto: CBF / Divulgação)
(Foto: CBF / Divulgação)

 

O presidente da comissão de arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, instruiu nesta terça-feira os árbitros para punir “exemplarmente” simulações que visem aproveitar a orientação de fair play da Fifa, que recomenda que o jogo seja paralisado em caso de contusão. A recomendação vem dias depois de o técnico português Paulo Bento, do Cruzeiro, ter criticado a utilização deste expediente pelos jogadores do América-MG no último sábado.

“Temos verificado muitas situações dos jogadores tentando enganar a arbitragem. Isso prejudica o espetáculo e tumultua a partida. Vamos enfatizar para que essa infração seja controlada e punida exemplarmente”, disse o dirigente. A preocupação de Sérgio Corrêa é fazer com que os jogos tenham mais tempo de bola rolando.

A decisão é uma resposta às reclamações de Paulo Bento. O ex-técnico da seleção portuguesa não permitiu que a sua equipe devolvesse a bola para o adversário, após uma simulação de contusão. O ato irritou os atletas e comissão técnica do América-MG. Ao final da partida, o treinador avisou que seu time não praticará mais o fair play e caso o adversário jogue a bola para fora, não vai devolvê-la. “É o árbitro que tem de apitar, analisar e parar o jogo”, disse.

A polêmica gerou discussão nos clubes nesta terça-feira e faz com que as partidas desta quarta e quinta ganhem um ingrediente extra. A diretoria do Cruzeiro já avisou que apoia a decisão de seu treinador. “Estão confundindo o fair play com um ato para retardar o jogo. O futebol brasileiro tem de mudar algumas coisas e acreditamos que o Paulo tem total razão no que está falando, por isso estamos do seu lado”, disse o vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin.

Para Cuca, do Palmeiras, a atitude do treinador português não é totalmente errada. Ele acredita que tem existido um exagero nas simulações. “O que ele falou pode causar um impacto grande, mas não está totalmente errado. Tem vezes que a gente percebe que o jogador faz de propósito para ganhar tempo”, disse o palmeirense, que pede união dos treinadores por um futebol mais honesto. “Deveríamos ter uma reunião para discutir essas coisas, como acontece lá fora”.

Tite também condena a prática de simulações e espera que o aviso da Comissão de Arbitragem da CBF seja colocado em prática. “Existem situações leais, mas existem simulações, sim, para levar vantagem. Existem as duas. O árbitro poderia trazer para ele essa responsabilidade. Eu não consigo julgar (se é ou não simulação)”, comentou o corintiano.

No Cruzeiro, os jogadores lembraram nesta terça-feira que viveram o outro lado da polêmica contra o mesmo América-MG, na semifinal do Campeonato Mineiro. “Um jogador nosso caiu e eles seguiram para o ataque. Levantamos a mão para parar o jogo e nada aconteceu”, reclamou o meia uruguaio Arrascaeta.

Mais pressão – Já na segunda rodada, o assunto foi motivo de reclamação do técnico Levir Culpi, do Fluminense. Ele ficou irritado com os jogadores do Santa Cruz, no empate por 2 a 2. Segundo ele, um acordo entre os técnicos foi desrespeitado. “Em uma dessas reuniões, queríamos o fair play. Só devolver a bola no lugar onde ela saísse. O que fazem? Devolvem lá no goleiro para fazer pressão”, disse.

Temas: CBF , árbitro , fair play

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