Publicado em 05/12/2016 às 06h43.

Em entrevista, tripulante diz que voo previa escala

“No momento da decolagem, voltei a perguntar: 'Vamos até Cobija?'. Aí me disseram 'não, nós vamos direto até Medellín'", afirmou Erwin Tumiri

Luís Filipe Veloso
Foto: Reprodução/ TV Globo
Foto: Reprodução/ TV Globo

 

‘Ninguém percebeu que o avião iria cair’. O técnico de voo Erwin Tumiri deu sua versão sobre os momentos que antecederam a queda do avião da LaMia, na última terça-feira (29), em Medellín, e afirmou que questionou o fato de a aeronave que transportava a delegação da Chapecoense não parar para reabastecer em Cobija, no norte da Bolívia. Segundo ele, o reabastecimento estava previsto. As revelações foram feitas em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, veiculada na noite deste domingo (4).

“Nós, como técnicos, fazemos o pré voo. Temos uma lista de checagem do que é preciso fazer no avião. Fiz o relatório de que íamos até Cobija. No momento da decolagem, voltei a perguntar: ‘Vamos até Cobija?’. Aí me disseram ‘não, nós vamos direto até Medellín'”, afirmou Tumiri, se referindo ao fato de que o piloto Miguel Quiroga teria lhe confirmado a opção arriscada de ir direto, sem escala, para Colômbia.

Investigações preliminares apontam que o avião caiu devido a uma pena seca, por falta de combustível. O avião da LaMia voou no limite da autonomia no trajeto entre Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e Medellín, onde a delegação da Chapecoense esperava chegar para a disputa da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, mas foi vítima do acidente que matou 71 pessoas.

Erwin Tumiri evitou criticar Miguel Quiroga, morto no acidente, mas afirmou que seria mais prudente que o piloto não tivesse centralizado essa decisão. “As coisas são na base do ‘é assim que tem de ser’. Que essas decisões não sejam tomadas de maneira tão individual. Acho que a tripulação teria de saber. Teria de ser tudo dividido”.

Tumiri também negou que houve tumulto ou pânico entre os passageiros antes da queda. Segundo ele, todos que estavam a bordo pensavam que o avião estivesse pronto para pousar. “Eu estava falando com o técnico (Caio Júnior), que estava me ensinando português, quando disseram: ‘Afivelem os cintos’. Todo mundo voltou à sua poltrona. Apagaram as luzes, começou a vibrar e achei que estivéssemos pousando. Achei que era isso, mas não foi. Não lembro de mais nada. Depois me levantei no chão”, afirmou.

Um dos seis sobreviventes do acidente, Tumiri conseguiu ajudar a comissária de bordo Ximena Suarez, que também escapou com vida da tragédia. “No momento era como um pesadelo. Comecei a piscar a lanterna para que me vissem. Ximena estava a cinco metros de mim. Eu estava com o rosto no chão. Aí eu levantei assustado e corri em direção a ela”.

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