Publicado em 25/07/2017 às 17h56.

O homem, o ídolo, o fracasso: a trajetória de Petkovic no Vitória

Gestor, treinador, diretor de futebol e até artilheiro do rachão: o sérvio fez um pouco de tudo sem fazer muita coisa em sua passagem no Leão

Fernando Valverde
Foto: Maurícia da Matta/EC Vitória
Foto: Maurícia da Matta/EC Vitória

 

No futebol, costuma-se dizer que em idolatria não se mexe. São raros os casos de jogadores que viram ícones do imaginário do torcedor e, após pendurar as chuteiras, obtêm algum sucesso fora de campo pelo clube que o tem no coração.

Atual campeão da Uefa Champions League duas vezes seguidas, Zinedine Zidane fez história com a bola nos pés e, depois de um começo duvidoso como treinador, se firmou e hoje é o comandante e peça-chave dos galáticos espanhóis.

No Brasil, Rogério Ceni não teve a mesma sorte. Embora tenha defendido o São Paulo durante toda sua carreira, e considerado um dos melhores goleiros da sua época, deixou o time na zona de rebaixamento do Brasileirão e saiu pela porta de trás.

Se os riscos de mexer com tal idolatria já são altos, Petkovic brincou com a sorte ao embarcar no confuso projeto que o Esporte Clube Vitória definiu para este ano.

Ato I – No início de maio, o presidente Ivã de Almeida foi buscar na idolatria do sérvio a identificação e o apoio do torcedor para a sua gestão. Apresentado como gestor, Pet voltou 18 anos depois ao clube que o tornou conhecido no Brasil e prometeu um projeto diferenciado que valorizaria a divisão de base e colocaria o time em posição de brigar com os grandes no campeonato.

Ato II – Mesmo com a conquista do Campeonato Baiano, o Vitória havia demitido Argel Fucks e buscava uma nova opção no mercado. Com a recusa de alguns nomes conhecidos e a dificuldade em se delimitar um perfil para o novo treinador, o “se não tem tu, vai tu mesmo” prevaleceu e, menos de dez dias após aceitar um cargo administrativo, Petkovic foi anunciado como novo técnico rubro-negro. Ou “manager”, em um conceito mais europeu

Com o acúmulo das duas funções, Pet, em tese, poderia ter maior controle sobre as contratações necessárias para o elenco que ele mesmo iria dirigir e uma maior relação com a diretoria. Mas com especulações de má relação com os atletas, contratações que não renderam e resultados abaixo do esperado, três derrotas e um empate em quatro jogos, a solução caseira foi pelo ralo.

Ato III – Após a saída de Sinval Vieira do departamento de futebol, quando o prenúncio do estouro da crise já se anunciava no Barradão, Petkovic assumiu a diretoria de futebol e acabou por contratar Alexandre Gallo como novo comandante da equipe.

Em mais uma denotação de completa desorganização na direção do Vitória, Gallo foi escolhido dentro de uma lista de 30 nomes, prova cabal de que o clube não havia sequer definido o perfil do técnico a ser contratado.

Polêmicas de todos os tipos começaram a minar o ambiente rubro-negro, como o malfadado caso em que o diretor médico do clube Gilson Meireles, que inclusive também entregou o cargo, “vetou” a contratação de Carlos Eduardo em áudio que vazou para a imprensa e criou mal-estar.

O meia foi um dos seis contratados pelo sérvio enquanto esteve à frente da diretoria de futebol. Junto com Wallace, Fillipe Souto, Danilinho, Yago e Santiago Tréllez.

Além disso, Pet dispensou 11 atletas, demitiu um técnico e saiu pela porta de trás do clube, no momento em que, nem os 59 gols marcados com a camisa vermelha e preta em sua passagem como jogador, puderam ajudar.

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