Publicado em 23/05/2016 às 19h54.

Otto sobre Jucá: ‘Como o Brasil vai resistir a tanta lama?’

Parlamentar baiano diz que presidente interino Michel Temer (PMDB) errou ao ter nomeado ministros investigados pela Operação Lava Jato, por suspeita de corrupção

Evilasio Junior
Foto: Beto Barata/Agência Senado
Foto: Beto Barata/Agência Senado

 

O afastamento do ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) – flagrado em uma gravação telefônica com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em uma suposta tentativa de interferir na Operação Lava Jato – foi avaliado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA) como fruto de um equívoco do presidente interino Michel Temer (PMDB) na formação da sua equipe de governo.

“O fato tem que ser apurado, mas, pelo que eu vi, existe uma tentativa – mesmo que velada – de obstruir a avaliação. Veja a situação que nós estamos: tira-se um governo acusado de cometer crime de responsabilidade e entra um governo em que o presidente nomeia acusados na Lava Jato: Henrique Eduardo Alves, Romero Jucá… Indicação não se faz por amizade, se faz por competência. Houve um erro do presidente Michel Temer de ter nomeado quem é investigado. Seria mais previdente não ter nomeado”, afirmou o socialdemocrata, ao bahia.ba.

No entendimento do parlamentar baiano, que é colega de Jucá no Congresso – o ministro é senador licenciado – há uma crise política generalizada no país, que atinge não só o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados – cuja maioria da Casa é liderada pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) –, mas também o Senado. “Não sei como o Brasil vai suportar o horror de tanta lama em Brasília. É um lamaçal interminável. Parece que não vai acabar nunca. Como o Brasil vai resistir a tanta lama? Se isso [conversa de Jucá com Sérgio Machado] ficar caracterizado como obstrução da Justiça, já tem jurisprudência com o caso Delcídio [do Amaral, sem partido –MS, ex-líder do governo que foi preso após uma interceptação telefônica revelar que ele ofereceu propina de R$ 50 mil para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de delação premiada]”, comparou Otto.

Delcídio foi cassado pelo plenário há duas semanas. Nesta segunda (23), depois da primeira crise do recém-empossado governo Temer, o senador Telmário Mota (PDT-RR) deu entrada no Conselho de Ética da Casa com o pedido de perda do mandato de Jucá.

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