Publicado em 17/12/2015 às 06h00.

Vidas trocadas: família aguarda respostas de hospital

Sem acesso a prontuários de parturientes, família que teve bebê trocado em maternidade da Santa Casa permanece sem saber a verdade

Jaciara Santos
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Luciane com uma das irmãs, em criança: diferenças acentuadas (Álbum de família)

Denunciado nesta terça-feira (15) pelo bahia.ba, o drama da família que teve o rumo alterado devido a uma troca de bebês parece estar longe do fim. A Santa Casa da Bahia, entidade que administra o Hospital Santa Izabel – instituição onde se deu o extravio das crianças, em 16 de junho de 1976 – ainda não tem as respostas que poderiam aplacar a ansiedade dos personagens da trama. O policial civil Felipe de Assis dos Santos, de 65 anos, e a mulher, Luzia Neiva da Silva Santos, 62, querem saber onde está a filha biológica deles. Já Luciane da Silva Santos Alves, 39, que foi criada pelo casal, não cansa de perguntar: “Quem são e onde estão meus pais verdadeiros?”.

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Com as irmãs adultas, Luciane (à direita): diferenças mantidas (Reprodução)

Mais uma vez procurada pelo bahia.ba, nesta quarta-feira (16), a Santa Casa voltou a se pronunciar por meio da assessoria de comunicação e manteve a informação inicial: a de que aguarda a notificação judicial para se manifestar oficialmente. Nega, entretanto, que o advogado Mouzar Santos Cardoso, representante legal da família Silva Santos, tenha procurado o departamento jurídico da entidade, que não funciona nas dependências do centro médico, em Nazaré.

Em relação ao acesso aos prontuários das parturientes que deram à luz no dia 16 de junho de 1976 (data em que se deu a troca), a Santa Casa chama a atenção para o fato de que o advogado não teria oficializado qualquer demanda. Ocorre que, mesmo se houvesse protocolado a solicitação, como parte requerente, não teria sido atendido imediatamente, já que as informações sobre pacientes são protegidas pelo sigilo médico e só podem ser colocadas à disposição mediante cumprimento de algumas rotinas e procedimentos burocráticos.

Ao bahia.ba, o advogado Mouzar Cardoso explica porque não oficializou a solicitação: “Realmente não protocolizei nenhum pedido porque a primeira coisa que me disseram foi que não havia esta possibilidade. Pedi para falar com o jurídico e nem isto eu pude”, reafirma.

No âmbito da Justiça, o processo de número 0560732-47.2015.8.05.0001, distribuído para a 8ª Vara Cível e Comercial da Comarca de Salvador, aguarda a citação dos réus (Hospital Santa Izabel e Santa Casa) e que o juiz do caso abra prazo para as duas instituições apresentarem suas razões. “Não está descartada a possibilidade de um acordo entre as partes”, adianta o advogado.

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Apelo – Bem distante da querela jurídica, o que Luciane quer mesmo é localizar sua família consanguínea. Tanto que compartilhou no Facebook a reportagem em que o bahia.ba conta a sua história. Na postagem, um apelo: “Me ajudem compartilhando…”.

Até o final da tarde desta quarta-feira, a publicação contava com 60 compartilhamentos. São 449 os amigos em sua lista. Luciane tem a esperança de que, com a circulação de mão em mão nas redes sociais, sua história possa alcançar o final desejado: chegar até alguém de sua família biológica. Aí sim ela poderá, finalmente, começar um novo capítulo de sua história.

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