Macri toma posse, promete combater pobreza e apela por união
Participaram da cerimônia os presidentes da Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai
Mauricio Macri assumiu, nesta quinta-feira (10), a presidência da Argentina, tendo como aliados os governos dos maiores distritos eleitorais do país, entre eles, a Província de Buenos Aires (a maior e mais rica da Argentina) e a capital, Buenos Aires. Entretanto, ele não tem maioria no Congresso, que continua sob controle do Partido Justicialista (ou Peronista) de sua antecessora, Cristina Kirchner. Com isso, Macri vai precisar de apoio para realizar as promessas de campanha, a começar pela redução da inflação de mais de 20% ao ano.
No primeiro discurso como presidente, Macri prometeu combater a pobreza, o narcotráfico e a corrupção, além de defender as conquistas sociais, a educação e um Poder Judiciário independente. Ele pediu, principalmente, a união dos argentinos, mesmo os que não votaram nele, e que representam 48% do eleitorado.
“Temos de tirar o enfrentamento do centro do cenário”, afirmou o presidente ao prometer um estilo novo de governar, sem “personalismo” e com trabalho de equipe. “Os conflitos desnecessários geram fanatismos que, tantas vezes, nos arrastaram à violência”, acrescentou.
O discurso foi pronunciado no Congresso, onde Macri prestou juramento perante legisladores e presidentes de outros países. Candidatos derrotados nas eleições presidenciais argentinas, inclusive o governista Daniel Scioli, estiveram presentes. A ex-presidente Cristina Kirchner e parte de sua bancada não compareceram, um sinal de que a união proposta por Macri pode demorar a se concretizar. Até a cerimônia de posse foi motivo de disputa.
Cristina queria entregar a faixa presidencial e o bastão de mando no Congresso, onde ela tem maioria no Senado e a primeira minoria na Câmara dos Deputados. Macri insistiu em respeitar a tradição: prestar juramento perante os legisladores, mas fazer a cerimônia de transmissão de um governo para outro na Casa Rosada, o palácio presidencial.
A falta de acordo prejudicou a organização do evento, que envolvia também a chegada de delegações internacionais. A Justiça foi acionada para decidir quem tinha direito a decidir como e onde seria a festa. Ao ser informada que seu mandato terminava oficialmente à meia-noite de quarta-feira (9) – e não ao meio-dia de quinta (horário previsto para o juramento de Macri) – Cristina resolveu não participar da festa.
Ela organizou outra, na Casa Rosada, para inaugurar um busto do marido morto, Nestor Kirchner, presidente da Argentina de 2003 a 2007. Depois, seguiu para a Praça de Maio, onde se despediu da multidão de simpatizantes que apoiaram seus oito anos de governo. No discurso, Cristina disse que o verdadeiro “militante” não defende suas ideias apenas quando está no governo, mas também quando é oposição.
Cristina e seus ministros deixaram o governo na quarta-feira (9) à noite, sem que fosse assinado o decreto prevendo a exclusão aérea para facilitar o pouso, nesta quinta-feira, dos aviões presidenciais. A presidenta Dilma Rousseff, que deveria ter desembarcado em Buenos Aires às 11h20, chegou atrasada e perdeu a cerimônia no Congresso, porque o avião foi obrigado a sobrevoar a capital argentina durante 20 minutos, antes de poder aterrisar na Base Aérea Militar.
Mas Dilma teve um encontro bilateral com Macri na Casa Rosada antes da segunda parte da cerimônia: a entrega da faixa presidencial e do bastão de comando. O Brasil foi o primeiro pais visitado por ele após a vitória na eleição, no dia 25 de novembro. Além de Dilma, participaram da solenidade os presidentes da Bolívia, do Chile, da Colômbia, do Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. O encontro de Macri com a presidenta do Brasil, segundo um dos assessores do presidente Argentino, foi rápido e protocolar, pois os dois já tinham conversado durante a visita que Macri, ainda na condição de presidente eleito, fez ao Brasil.
Na Praça de Maio, uma multidão gritava “se puede, se puede” – o slogan de Macri, que, em português, quer dizer “podemos, podemos”. Macri saiu ao balcão, com a mulher e a filha pequena, e dançou para o público.
Marta Simeone, uma contadora que levou a filha e neta à praça, disse que tem esperança com o novo governo. ¨Os Kirchner dividiram o pais entre os que estavam totalmente de acordo com eles e os outros”, afirmou. “Eu não votei em Macri no primeiro turno, mas cada vez gosto mais da mensagem dele de ser transparente e de querer unir o pais.”
Dilma retornou ao Brasil logo após a cerminônia na Casa Rosada. Quase duas horas depois, enquanto Maurício Macri recebia as delegações estrangeiras na Chancelaria argentina, Cristina embarcava num voo comercial da empresa Aerolineas Argentinas para a Província de Santa Cruz, no Sul do país. Ela viajou com o filho, na classe turística, para assistir à posse da cunhada, Alicia Kirchner, como governadora. No Aeroporto Jorge Newbery, mais uma vez simpatizantes se despediram dela.
O comerciante Gaston Prado disse que deve a vida aos Kirchner. “Fiquei sem emprego durante a crise de 2001. Era mais fácil importar qualquer coisa do que produzir no pais.” Kirchneristas e macristas concordam que anos de inflação alta reduziram o poder aquisitivo dos argentinos e que os preços sobem cada dia.
“Macri terá de desvalorizar a moeda, de modo a tornar a economia argentina mais competitiva, inclusive em relação a vizinhos como o Brasil, que é o maior sócio comercial da Argentina”, informou à Agência Brasil o economista Fausto Spotorno. Ele também terá de atrair investimentos estrangeiros, porque o Banco Central herdado de Cristina Kirchner está com poucas reservas. Desde a moratória da divida externa, em 2001, o país continua sem acesso ao mercado financeiro internacional.
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