Publicado em 18/04/2017 às 13h12.

Papa nega visita ao Brasil e cobra que Temer evite prejudicar os pobres

A correspondência foi uma resposta a outra carta enviada pelo mandatário no fim de 2016

Rebeca Bastos
Foto: Agência Ecclesia
Foto: Agência Ecclesia

 

Em uma carta na qual recusa a um convite para visitar o Brasil, o papa Francisco pediu ao presidente Michel Temer (PMDB) que evite implementar medidas que agravem a situação da população carente no país. A correspondência foi uma resposta a outra enviada pelo mandatário no fim de 2016, em que o líder da Igreja Católica era convidado formalmente para as celebrações dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, comemorados em 2017.

“Sei bem que a crise que o país enfrenta não é de simples solução, uma vez que tem raízes sócio-político-econômicas, e não corresponde à Igreja nem ao Papa dar uma receita concreta para resolver algo tão complexo”, escreveu o pontífice, segundo trecho publicado pelo jornalista Gerson Camarotti, da Globo News.

“Porém não posso deixar de pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão muito além da esfera meramente financeira”, acrescentou.

Sobre o convite, o papa disse que, devido à sua intensa agenda, não poderia visitar o Brasil neste ano. Ainda de acordo com o jornalista, Francisco afirmou rezar pelo país e que acompanha “com atenção” os acontecimentos na maior nação da América Latina.

Ao citar a sua exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”, Francisco também lembrou que não se pode “confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado”, no momento em que o governo Temer tenta aprovar reformas econômicas para garantir a confiança dos investidores. Em setembro passado, na inauguração de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no Vaticano, o pontífice já havia dito que o Brasil passava por um “momento triste”.

Um mês antes, ele enviou uma carta não oficial em apoio a Dilma Rousseff, que na época ainda não tinha sofrido o impeachment. Contudo, o papa sempre evitou se posicionar publicamente sobre a crise política enfrentada pelo Brasil e que culminou na derrubada da presidente petista.

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