Publicado em 25/09/2017 às 18h00.

Software polêmico promete identificar rosto de gays

Pesquisadores de Stanford que desenvolveram o algoritmo se envolveram em debate ético

Redação
Cara, isso é muito "Black Mirror". Foto: Divulgação
Cara, isso é muito “Black Mirror”. Foto: Divulgação

 

Um grupo de pesquisa da universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirma ter criado um software capaz de identificar, com 91% de precisão, se uma pessoa é hetero ou homossexual com base em uma foto do rosto.

Michal Kosinski e Yilun Wang, responsáveis pelo estudo, usaram informações e mais de 35 mil imagens de um site de relacionamentos para criar um algoritmo que diferencia um rosto gay de um rosto hétero. Segundo eles, a inteligência artificial é capaz de identificar traços sutis na estrutura facial que passam despercebidos aos nossos olhos.

Foi possível identificar, de acordo com Kosinski e Wang, que homossexuais costumam ter marcas de gênero menos expressivas: os homens que se declararam gays tinham a mandíbula em geral mais estreita, narizes mais longos e testas maiores do que os héteros, enquanto as mulheres lésbicas possuíam a mandíbula mais larga e a testa menor do que as outras.

No entanto, uma das primeiras críticas ao estudo foi em relação à amostragem. Apenas pessoas brancas foram incluídas, e o fato de todas as fotos terem sido tiradas de um site de relacionamentos também poderia influenciar os resultados.

O professor Benedict Jones, que administra o Laboratório de Pesquisa de Rostos da Universidade de Glasgow, na Escócia, ressaltou à BBC que imagens postadas em tais espaços costumam ser reflexo da forma como as pessoas querem ser representadas. Muitas fotos podem, inclusive, ter sido editadas para se encaixar em padrões estéticos.

Além dos questionamentos em relação à metodologia, entidades de direitos LGBT demonstraram preocupação com o uso do software. “Se você puder começar a categorizar as pessoas com base na aparência, depois identificá-las e fazer coisas horríveis a elas, isso será muito ruim”, disse ao jornal The Guardian Nick Rule, professor de psicologia da Universidade de Toronto, que já publicou um estudo sobre a “ciência do gaydar”.

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