Publicado em 06/11/2017 às 09h40.

Apuração global vaza contas de Meirelles e Maggi em paraísos fiscais

Ministros estão ligados a empresas offshores. Prática não é ilegal, mas pode ser utilizada para cometer crimes como sonegação de impostos ou criação de "fundos paralelos"

Redação
Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

 

Henrique Meirelles e Blairo Maggi, ministros da Fazenda e da Agricultura do governo Michel Temer, foram citados em um vazamento de informações do escritório de advocacia Appleby, especializada em empresas offshores situadas em paraísos fiscais, não sujeitas ao regime legal e às tributações do local.

Outras figuras importantes estão envolvidas, como o presidente norte-americano Donald Trump. Cerca de 1,4 terabytes de informações foram entregues por uma fonte anônima ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, de Munique, e compartilhados no mundo inteiro por meio do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês).

A prática de ter empresas offshores não constitui atividade criminosa. Henrique Meirelles (Fazenda) enviou documentação da empresa, devidamente registrada nas ilhas Bermudas. Companhias do tipo podem ser utilizadas também para cometer crimes, como sonegação de impostos, ocultação de patrimônio ou para a criação de “fundos paralelos”, que possibilitam o pagamento de propinas sem que apareça nas finanças oficiais.

Para o Ministério Público Federal, empresas offshores em países como Bahamas, as ilhas Cayman e Bermudas foram usadas pela empreiteira Odebrecht para viabilizar pagamentos a políticos, por exemplo. No processo, os países que permitem a operação só detêm conhecimento dos nomes dos administradores ou gestores da fundação, mas ignoram o beneficiário real do dinheiro depositado.

No documento entregue por Meirelles, a sua empresa, “ The Sabedoria Trust”, aparece “especificamente para propósitos de caridade”. Em nota, o ministro afirmou que o trust foi criado para que, em caso de morte, uma parte dos seus bens seja doada para instituições beneficentes da área de educação.

Maggi teve o nome ligado a uma offshore chamada “Ammagi & LD Commodities SA”. De acordo com os registros da Appleby, o ministro seria diretor da empresa, junto a outros familiares. No Brasil, a família dele é sócia de uma empresa registrada com o mesmo nome. No entanto, ele disse não ter recebido nenhum valor diretamente ligado às ilhas Caymann, e sim da empresa em território nacional.

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