Publicado em 18/11/2015 às 08h50.

2016, o ano em que o caixa 2 vai imperar, com ciganos e tudo mais

Levi Vasconcelos

Hélder Almeida, ex-prefeito de Camaçari e estudioso da legislação eleitoral, dá um prognóstico fatídico:

– 2016 será o ano das eleições mais judicializadas da história do Brasil. As pessoas ainda não se deram conta das enormes dificuldades que terão para tocar as campanhas.

E os receios dele são pertinentes, por uma razão elementar: muito se discutiu se o financiamento de campanha deveria ser público ou privado, veio o STF e decretou nenhum dos dois. Ou melhor, doações só podem ser feitas por pessoas físicas diretamente aos partidos.

A questão é que isso nunca existiu no Brasil. Ou pior, a tradição é o eleitor tomar dinheiro dos partidos. E quem ‘doa’, na real ‘investe’, liberando o dinheiro para, de alguma forma, cobrar adiante.

Com quase tudo em matéria de dinheiro proibido, estima Hélder, os candidatos serão compulsoriamente empurrados para a ilegalidade.

– Imagine você que montar um simples carro de som num pequeno município vai ser um Deus nos acuda. Com boa chance do caso virar um processo. Nos grandes municípios, onde a complexidade é maior, nem se fala.

Num cenário desses se diz que os prefeitos candidatos a reeleição, apesar de andarem chorando, com justas razões, sobre a avassaladora queda de receita desencadeada pela crise, por estarem com a máquina na mão, terão uma vantagem incomensurável.

Mesmo que ele não cometa crimes, só o fato de ter a prefeitura com toda as vantagens que tal posição oferece, a luta será bem mais desigual.

De quebra, convém lembrar: se em disputas tradicionais os ciganos já atuam com muita desenvoltura, em 2016 o ‘mercado’ para eles estará mais fértil do que nunca.

É só esperar para ver. E quem viver, verá.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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