Publicado em 11/04/2016 às 06h00.

Campanha 2016: sola de sapato ou caixa 2, é pegar ou largar

Ou seja, o negócio é caprichar na sola do sapato e sebo nas canelas, para andar, andar e andar, sem nada pedir

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave”

Carlos Drumond de Andrade, poeta mineiro (1902-1987)

sola_de_sapato Foto reprodução blog belezaumcomo

Se a tradição das campanhas eleitorais no Brasil, particularmente no interior do nordeste, é o povo pedir dinheiro aos políticos, convenhamos, uma determinação do STF querer que, da noite para o dia, a situação se inverta, ao invés do povo pedir, passar a dar, é muita pretensão.

É lógico que a Lei 13.165/2015, a que vai reger as eleições, é burra pela própria origem. Feita por burocratas, gente que nunca disputou uma eleição, já se prevê uma enxurrada de ações judiciais questionando gastos de campanha, com o festival de caixa 2 que há de vir.

No interior, os que pretendem disputar a eleição seguindo à risca os rigores da lei (ou o mais próximo disso), já se diz: será a campanha sola de sapato. Ou seja, o negócio é caprichar na sola do sapato e sebo nas canelas, para andar, andar e andar, sem nada pedir, mas também sem nada dar, a não ser promessas.

E quem paga o avião?

A decisão de proibir o financiamento privado de campanha foi tomada pelo STF em setembro do ano passado, a partir de uma ação movida pela OAB. O tribunal considerou as doações inconstitucionais.

Mas cabe perguntar aos digníssimos autores desta pérola legislativa: em uma campanha presidencial em que o candidato tem forçosamente que se deslocar para os quatro cantos do Brasil, quem vai pagar o avião? O povo dando dinheiro do bolso? Sente e espere.

prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria foto blog forte no reconcavo

Debate na UPB

A UPB, em parceria com o TRE, realiza, amanhã durante o dia, a segunda rodada de debates sobre as eleições 2016. Segundo a presidente da entidade, a prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria (PSB), a intenção é orientar os candidatos, políticos e público em geral:

– É tudo muito novo. As orientações para ampliar nossas chances de acerto são muito bem vindas.

Transplantes: dois extremos

Pergunta ao professor Raymundo Paraná, coordenador do serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, uma das maiores autoridades em hepatologia do Brasil: a quantas anda o transplante de fígado na Bahia?

— Bem em resultados, ruim na quantidade.

Em miúdos: a Bahia faz de quatro a seis por ano, contra uma média superior a 15 no Ceará e de 12 a 15 em Pernambuco.

Desvantagens —Ele ressalta que a Bahia, quase do tamanho da França, tem a desvantagem da imensidão territorial, já que o processo de retirada do órgão do doador para o receptor deve demorar entre seis e oito horas. Além disso, a equipe deve ser melhor remunerada, porque tem que estar sempre de prontidão.

A Sesab está avaliando o caso.

gasolina e fogo (foto reprodução youtube)

Inimiga declarada

De tanto chamar a ministra Kátia Abreu (Agricultura) de traidora e mentirosa, por conta do rebaixamento da Ceplac sem aviso prévio aos baianos, o deputado Eduardo Salles (PP) diz ter certeza que um encontro pessoal com ela não daria bom resultado:

— Em José Serra, ela jogou vinho. Em mim, vai jogar gasolina e tocar fogo.

Royalties na crise

Se o Rio de Janeiro mergulhou numa situação caótica por conta da redução de 25% dos royalties do petróleo, nos municípios baianos produtores, guardando as proporções, o quadro também é ruim.

O deputado Alex Lima (PTN) cita o caso de Esplanada, terra dele, onde o irmão Rodrigo Lima, ou Rodrigo de Dedé, é prefeito.

A arrecadação total era de R$ 6 milhões, R$ 1,2 milhão de royalties. Com a crise, o município perdeu R$ 600 mil, um baque.

E pode perder mais se a Petrobras encerrar a exploração na Bahia, como promete.

Me dê o HGE

O prefeito de Entre Rios, Fernando Madeirol (PSD), enviou ao senador Otto Alencar (PSD), um pleito em favor do município, a ser encaminhado ao governo federal.

Resposta de Otto:

— Amigo, eu preferia estar no HGE dando plantão do que aqui vivendo esse clima.

Bom trato

Paulo Rangel, deputado do PT, diz não ver nenhuma dificuldade em apoiar Luiz de Deus, ex-DEM, agora no PSD, como candidato a prefeito de Paulo Afonso:

— O grupo dele sempre foi adversário, mas tratou bem a cidade. Paulo Afonso tem saneamento em 98% do seu núcleo urbano.

Paulo Rangel sempre foi adversário do grupo, que tem Luiz de Deus e o atual prefeito, Aníbal Bastos. Agora, estão todos na mesma barca, com o governo.

Jacaré em Lagoa Grande Foto reprodução Youtube

A vez do jacaré

Lembra do jacaré encontrado na Lagoa Grande, no centro de Feira de Santana?

Pois ele continua lá, agora em perigo, segundo Messias Gonzaga, coordenador regional do Inema. Por um detalhe: algumas pessoas resolveram pescar sistematicamente no local, tirando a comido do bicho.

Há o risco dele atacar e ser atacado.

Missão impossível

Já consagrado como candidato do PT em Vitória da Conquista, o deputado Zé Raimundo diz que vai tentar fazer alianças com o PCdoB, que já lançou o deputado Fabrício Falcão, e o PSB, que lançou Alexandre Pereira.

Lá tem dois turnos, mas Zé Raimundo diz:

— Eles são nossos aliados históricos.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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