Publicado em 01/12/2015 às 12h34.

A crise engolindo as urnas eletrônicas? Só faltava essa

Levi Vasconcelos

Dias atrás, quando o STF proibiu as doações de empresas para financiar campanhas eleitorais, houve quem dissesse que fazer eleição sem dinheiro é hipocrisia, porque o dinheiro virá de alguma forma, de algum lugar, pelo caixa 2, 3 ou outra via do submundo qualquer.

E fazer eleição sem urna eletrônica é o que, atraso, retrocesso, falência do estado?

Ora, quando o voto era no papel, chovia denúncias, muitas verazes, de manipulação dos mapas para eleger derrotados a marcação de sinais na chapinha para quebrar o sigilo do voto.

E quando se adotou a urna eletrônica, a 15 anos (em 2000, para todos os municípios), além da agilidade na apuração, tão festejada hoje, quebrou-se também essa cultura.

Voltar ao papel agora seria bem mais complexo. Antes, com todos os defeitos, já haviam as pessoas, arregimentadas regularmente no serviço público, habituadas a trabalhar nas apurações.

Hoje, voltar ao passado, simplesmente o trabalho seria bem maior. E o preço também, em comida, além do risco de revigorar as fraudes nestes tempos de tantos ladrões declarados e a legião de incubados.

Avanço barrado – Falam que o voto de papel seria auditável, a grande falha da urna eletrônica e quando se argui esse fato, prega-se o retrocesso.

O que se aspira é o aprimoramento da urna eletrônica. O voto impresso na urna eletrônica seria como usar o cartão de crédito para pagamentos. A maquininha imprime o que você pagou, dando plenas condições de conferir se o valor declarado é o que está impresso.

Na urna, a mesma coisa. Você cravaria o número do candidato, que sairia o impresso e seria colocado para posterior conferência, em caso de dúvidas.

O Senado aprovou, Dilma vetou. As razões alegadas: falta de dinheiro. Custaria algo em torno de R$ 1,8 bilhão.

Dos R$ 10,7 bilhões que Dilma anunciou de contigenciamento, mais de R$ 1,3 bilhões iriam para a justiça. É aí que STF. CNJ e TSE se uniram para bradar que pode faltar dinheiro para bancar a manutenção e aquisição de novas urnas eletrônicas, por tabela, ameaçando a eleição como a conhecemos.

O retrocesso tem tudo para não acontecer. Mas surpreende que seja objeto de chantagem.

 

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