Publicado em 18/04/2017 às 09h06.

A Odebrecht entrou no buraco e levou o Brasil junto. Como sair?

A questão: vai sobreviver? Já demitiu 100 mil funcionários, ainda tem 80 mil. Agora recebe uma multa de US$ 2,6 bilhões, ou quase R$ 8 bilhões, da Justiça dos EUA

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem” 

Antonio Gramsci, jornalista e filósofo italiano (1891-1937)

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

 

A Odebrecht chutou o pau da barraca orientando os seus 76 executivos a abrir o jogo e contar tudo. Disso resultou em 415 políticos de 26 partidos citados, mais sindicalistas, algo que não surpreende, e até índios na floresta comendo no prato, beneficiando-se de um propinoduto que irrigou aos quatro cantos em torno de US$ 3,3 bilhões, ou mais de R$ 10 bilhões, o grosso de dinheiro de superfaturamento de obras, nosso dinheiro.

Óbvio que a Odebrecht, como era, voou pelos ares. A questão: vai sobreviver? Já demitiu 100 mil funcionários, ainda tem 80 mil. Agora recebe uma multa de US$ 2,6 bilhões, ou quase R$ 8 bilhões, da Justiça dos EUA. Se morrer, será uma pena para o Brasil, em geral, e a Bahia, no particular. Irá pelos ares uma longa expertise em construções de grande porte, além das perdas em empregos.

Também é certo que explodiram no ar muitas reputações antes tidas como ilibadas, a exemplo de José Serra, além de turbinar outras já complicadas, como a de Lula.

Lógico que a direção da Odebrecht foi para o tudo ou o nada tentar livrar a pele do que mais se teme, a cadeia, da mesma forma que os políticos juram inocência também tentando evitar a cadeia.

Como também é lógico que muitos dos citados, embora beneficiários de um dinheiro de origem duvidosa, receberam as doações como se fosse algo normal.

A questão é o tamanho do buraco. Frise-se: sabe-se disso graças à democracia brasileira, que está diante do seu grande teste. E é também pela via democrática que haveremos de encontrar a saída.

O Brasil desenvolveu a cultura de ter um monte de gente para dizer que está tudo errado sem dar a contrapartida sobre os caminhos da saída.

E agora, como sair disso? Eis a questão.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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