Publicado em 05/01/2017 às 09h45.

A violência, cá para nós, o governo nunca encarou o caso a sério, não é?

O Brasil adoeceu. A sociedade está doente expõe as suas feridas tenebrosas na tampa da cara de todo mundo, também nas estatísticas crescentes do Mapa da Violência

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”

Jean-Paul Sartre, filósofo francês (1905-1980)

Foto: Raphael Alves/ TJAM
Foto: Raphael Alves/ TJAM

 

Dizem que bons governantes são aqueles que não roubam, pagam em dia e são fichas limpas em tribunais de contas e Ministério Público. Os governantes de excelência são tudo isso e mais um toque de grandeza oculta, o esforço miúdo, mas planejado e pacientemente montado para baixar as más estatísticas.

Por aí, veja o quanto o governo – não este –, mas todos em todos os tempos, nos deve, num único e crucial item, a segurança. Nunca se viu, em nenhum deles, um trabalho concentrado num esforço contínuo para atacar nas multifacetas da questão. O resultado é trágico pelo histórico de horrores e o presente de novas dores.

A carnificina no Brasil começa nas ruas, no varejo aqui e acolá, muitas vezes invade lares, de fora para dentro e ou também por dentro, e explode nos presídios, onde a restrição do ir e vir não impede a ação para qualquer sorte de tratativas, boas ou más.

O Brasil começou 2017 com o massacre de 56 mortos em Manaus, com a tragédia que matou a mulher, o filho e mais quem estava em volta em Campinas, com o caso do homem que tocou fogo na família em Feira de Santana e, de sobremesa, a agência da Caixa no Largo do Tanque que foi assaltada duas vezes em 20 dias, na última, deixando um morto, um motoqueiro que morreu apenas porque deu o azar de estar passando por lá na hora.

É um painel que reflete as angústias da sociedade, de atores e plateia. Formando uma escola maligna, que começa lá em cima, onde nossos políticos ao invés de pensar nos interesses do conjunto todo sempre sobre tudo, cuidam mais é dos seus, não raro, também pelas vias subterrâneas.

O Brasil adoeceu. A sociedade está doente expõe as suas feridas tenebrosas na tampa da cara de todo mundo, também nas estatísticas do Mapa da Violência onde o número de casos só cresce.

A pergunta é velha, mas oportuna: até quando?

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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