Publicado em 07/07/2017 às 09h33.

Até agora, só há uma regra certa para 2018: nós vamos bancar campanhas

O projeto se afunilou em duas questões e deve ser votado na próxima semana, portanto antes do recesso marcado para o dia 14

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Pedras no caminho? Eu guardo todas. Um dia vou construir um castelo.”
Nemo Nox, escritor, fotógrafo, diretor de webdesigner brasileiro que mora nos EUA (1963)

Foto: Wilson Dias/ Arquivo – Agência Brasil
Foto: Wilson Dias/ Arquivo – Agência Brasil

 

Um grupo de 40 deputados, entre eles baianos, reuniu-se na noite de terça na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília. Pauta principal, o projeto da reforma política, se é que se pode chamar o que vai ser proposto de reforma.

O projeto deve ser votado na próxima semana, portanto antes do recesso marcado para o dia 14. A questão se afunilou em dois pontos:

1 — A fórmula da eleição, que está basicamente entre duas tendências, ou o Distritão, modelo em que as eleições de deputados viram também majoritárias (praticamente anula os partidos), ou fica tudo como está, inclusive as coligações.

2 — O financiamento da campanha, já que não vai ter dinheiro de empresas, como sempre foi. A proposta é instituir um fundo que prevê para 2018 R$ 3,5 bilhões.

Ou seja, sobrou para nós. Alguns deputados admitem que não há alternativa, embora sabendo que o povo não vai gostar.

Um dos participantes disse que vai ser difícil ver hospitais fechando e a União desembolsando dinheiro para pagar campanha.

Bombas que tiram o sono

A questão política forjada no bolo da Lava Jato é perversa com os atuais detentores de mandatos. Elegeram-se nos tempos, não muito distantes, em 2014, em que o dinheiro jorrava farto por caixa um ou dois, tanto faz, mas sempre da mesma teta.

E agora se veem diante de uma eleição sem saber de onde vai tirar o dinheiro no meio de um cenário conturbado, com o povo externando uma profunda descrença na classe política.

O país está crise, mas quem devia praticar atos e fatos para tirar também está. Mais: se Temer antes não almejava novos mandatos, agora teme que o atual acabe e ele acabe na cadeia; os políticos que pretendem renovar os mandatos (até para manter a imunidade) lutam para salvar a própria pele.

Com um fato novo bombástico a cada semana, nem um caminho encontraram. E o tempo urge. É até o fim de setembro. Se é que o bombardeio vai deixá-los acharem algum caminho.

Em 2014

Em 2014, 18 mil candidatos nos 27 estados declararam ao TSE terem gasto R$ 5,1 bilhão (sem contar o caixa 2). Isso quer dizer que o dinheiro é curto, o que abre espaço para o dinheiro do crime organizado.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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