Publicado em 16/02/2017 às 10h14.

Atirar em pensão de ex-governadores é gastar muito chumbo para pouca caça

É justo um cidadão que reúne tantos poderes depois sair com uma mão na frente e outra atrás?

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Há pecado até na nossa santidade, há incredulidade na nossa fé. Há ódio no nosso próprio amor; há lama da serpente na mais bela flor do nosso jardim” 
Charles Spurgeon, pastor batista inglês (1834-1992)

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado|Jefferson Peixoto/Ag. Haack /bahia.ba|Mateus Soares/bahia.ba - Montagem: bahia.ba
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado|Jefferson Peixoto/Ag. Haack/bahia.ba|Mateus Soares/bahia.ba – Montagem: bahia.ba

 

Vamos pôr os pingos nos “ís”: essa ideia de demonizar pensão dos ex-governadores é algo que desserve ao interesse público, embora travestida de propósitos inversos.

De um governador cobra-se que ele seja operoso, eficaz no atendimento aos interesses públicos em educação, saúde, infraestrutura e o escambau. De quebra, ele tem poderes para nomear funções vitalícias nos tribunais de justiça e de contas. E o principal: honradez no trato da coisa pública.

É justo um cidadão que reúne tantos poderes depois sair com uma mão na frente e outra atrás? É um convite ao cidadão adotar o modelo “Sérgio Cabral”, o roubo. Além disso, eles são poucos. Na Bahia, não passam de oito.

Ora, as mazelas que lesam o interesse público seguramente não estão aí. Os cargos vitalícios nos tribunais de justiça e de contas, até por serem vezeiros em criar penduricalhos que frequentemente ferem a lei do teto (R$ 32 mil) são bem mais. E isso ninguém vê.

Mas ex-governadores têm visibilidade, são figuras públicas, são alvos fáceis. Disparar contra eles (óbvio que os “Sérgio Cabral” da vida merecem mesmo é cadeia), é fácil, dá mídia.

É como João Dória, prefeito de São Paulo, com tantos problemas, fica caçando grafiteiro. É muito chumbo para pouca caça.

Critérios

Estabelecendo-se critérios para o ex-governador receber a pensão não há problemas. Como ter ficha limpa e comprovar não ter fonte de renda maior que os R$ 22,4 mil.

Já viu ex-governador passar necessidades? Na Bahia têm precedentes. Com Régis Pacheco foi assim. Até que o Estado o socorreu.

Alvo errado

Na decisão que cassou o direito à pensão dos ex-governadores baianos, o juiz Glauco Dainese de Campos, da 7ª Vara da Fazenda Pública, citou Jaques Wagner, Paulo Souto e João Durval.

Paulo Souto protestou: tem o direito, mas nunca pediu. Ou seja, nunca recebeu.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.