Publicado em 20/05/2017 às 11h40.

Blefe sobre juízes foi ‘bravata’ que se tornou real, diz Joesley

Em depoimento à PGR, delator explica porque se vangloriou para o presidente Temer de exercer influência na Operação Greenfield

Redação
joesley batista
Foto: Divulgação / PGR

 

Uma “bravata” que se tornou real. É assim que o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, define o trecho da conversa com o presidente Michel Temer em que se vangloria de exercer influência na Operação Greenfield – investigação que tem como alvo a JBS e subsidiárias em esquema de uso irregular de dinheiro de fundos de pensão.

“Eu disse pro presidente Michel que eu tinha comprado um procurador por R$ 50 mil, que eu tinha acertado o juiz e que eu estava vendo uma forma de substituir o Anselmo [Lopes, procurador responsável pela força-tarefa da Greenfield]. Isso jamais aconteceu, substituir o Anselmo. E em relação ao juiz, eu usei esse caso, mas não posso dizer que fui eu, por isso que eu disse que era bravata. Porque quando eu faço, eu faço eu mesmo. Tanto é que não sei se ele deu R$ 50 mil pro Ângelo [Vilella, procurador da força-tarefa preso na quinta-feira, 18]. Hoje eu tenho esse conjunto de evidências de que não era bravata”.

Joesley diz ainda que, após a primeira visita para depoimentos da delação à Procuradoria-Geral da República, Vilella de alguma forma ficou sabendo da decisão da delação. “Logo depois da nossa visita, o Willer Tomaz [advogado contratado para defender subsidiária do grupo na Greenfield e que tinha dito pagar a mesada ao procurador preso] ligou para o nosso advogado bastante nervoso, bastante preocupado, e falou ‘olha, tô sabendo que vocês tão fazendo a delação. Não vai prejudicar os meus amigos'”.

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, no dia 27 de abril, Joesley Batista afirma também ter ouvido uma gravação de audiência da Operação Greenfield vazada pelo procurador da República Ângelo Goulart Vilella. Segundo o empresário, o vazamento era parte do acordo de Tomaz com o procurador para o repasse de informações, pelo qual Vilella recebia uma mesada de R$ 50 mil. Joesley diz, no entanto, não ter “contratado” o serviço, e que Willer Tomaz fazia os pagamentos por conta própria.

Sobre a menção a um juiz, o empresário conta que, ao ser contratado para defender a Eldorado, subsidiária do grupo, o advogado Tomaz mencionou ser próximo a um dos magistrados da vara em que corria o caso, Ricardo Soares Leite. Mas esclarece que não havia propina envolvida:  “Ele [Tomaz] foi muito claro: ‘Com o Ricardo não tenho negócio nenhum financeiro. Eu sou amigo dele, a gente janta junto, tem ótima relação, nossas mulheres se conhecem. E eu acho que posso influenciar'”, diz o empresário à PGR.

Joesley chegou a tentar um encontro com o juiz, mas não conseguiu. Com informações da Folhapress.

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