Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
Bomba da Odebrecht vai atingir a todos
Se o governo já está fragilizado, só tem a perder. Mas a oposição está cautelosa, afinal alguns dos seus próceres podem estar melados
Frase da vez
“A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”
Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, jornalista brasileiro (1923-1968)
A Odebrecht, o pratão em que todos comiam
Só para pontuar: a relação de doações da Odebrecht divulgada pela PF ainda não é a delação de Marcelo Odebrecht, e sim as planilhas de contribuição da empresa.
Isto posto, vamos ao caso. Só ficou surpreso quem é leigo em política. É evidente que o jogo sempre foi esse, o toma lá, dá cá.
Óbvio que a lista requer uma peneirada, saber quem pegou o dinheiro e declarou e quem não. Mas dois fatos, independentemente de qualquer outra consideração, são bastante objetivos:
1 – A Odebrecht era uma pratão em que todos, independente do matiz político, comiam;
2 – No furacão da Lava Jato tem muita gente apontando corruptos com os seus dedos sujos.
E Marcelo Odebrechth vai explodir a República? Espera-se
A notícia divulgada ontem no Jornal Nacional, da Globo, dando conta que Marcelo Odebrecht e toda a direção da Odebrecht toparam fazer a delação premiada, caiu como uma bomba.
Já dissemos, mas vale relembrar: investigadores da Lava Jato têm Marcelo como um dos maiores arquivos vivos do país, a cereja do bolo no oceano de delações do escândalo.
E Lula ainda presidente, não só no Brasil, mas em países como a Venezuela, sempre atuou fazendo lobby em favor da empresa.
Se o governo já está fragilizado, só tem a perder. Mas a oposição não fez lá tanta festa. Está cautelosa, quer ver como é que Marcelo vem. Afinal, alguns dos seus próceres podem estar melados.
Se o Brasil já se espantou com tudo que viu até agora da roubalheira desenfreada em larga escala, ainda não viu o pior.
É só aguardar.
Acarajé quentinho
No despacho que autorizou a 26ª etapa da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro se refere ao termo acarajé supostamente usado por executivos da Odebrecht em substituição a dinheiro, segundo a interpretação oficial.
Há uma mensagem de 27 de janeiro de 2014, apreendida pela PF, em que o executivo Roberto Prisco agradece, do Rio, o trabalho de outro diretor, Hilberto Silva, e afirma: “Seus acarajés chegaram quentinhos”.
Leitura de Moro
Mesmo que Moro nunca tenha comido um acarajé, sabe que o bolinho de feijão fradinho, a mais festejada das iguarias baianas, é feito para comer na hora, quentinho. E escreve ser a frase “inconsistente em uma suposta remessa de acarajés de Salvador para o Rio de Janeiro”.
Ou seja, diz que não poderia sair daqui para o Rio e chegar lá quentinho. E enfatiza: “Trata-se em realidade de linguagem cifrada para entrega de dinheiro em espécie”’.
Nilo candidato
Diz o deputado Luiz Augusto (PP) que, finalmente, o ex-governador Nilo Coelho fechou um acordo em torno da disputa da Prefeitura de Guanambi este ano:
— Ele fechou um acordo, não com os opositores, mas com os aliados dele. Anunciou que é candidato e ponto final.
Nilo já se elegeu prefeito de Guanambi três vezes. Na última, em 2008, renunciou em 2010 para ser vice de Paulo Souto.
Prisco no PRB
Filiado ao PPS com festa, que teve a presença do presidente nacional do partido, o deputado Roberto Freire, o deputado baiano Marco Prisco, que se elegeu com o PSDB, já está com um pé fora. Ou melhor, com um pé no PRB.
Prisco está ressentido com outro recém-filiado ao PPS, o deputado federal Arthur Maia. Se sente atropelado:
— Ele não dialoga. Em Ilhéus, por exemplo, eu tive cinco mil votos lá. Ele pega o partido e entrega a um vereador sem me consultar. Assim fica difícil.
Prisco abriu negociações com o PRB. O deputado Sidelvan Nóbrega, que forma com José de Arimatéia a bancada do partido na Assembleia, diz estar de braços abertos:
— Ele ainda não veio porque não quis. Aliás, já devia ter vindo.
Ontem, Prisco dormiu no PRB.
Maurício no grampo
O presidente da OAB nacional, Claudio Pacheco Lamachia, baixou portaria nomeando oito membros de uma comissão para estudar e adotar medidas cabíveis no caso dos grampos autorizados pelo juiz Sérgio Moro, que envolveram os advogados de Lula.
Entre eles está o baiano Maurício Vasconcelos, que tem posição claramente definida:
— É evidente que foi uma ilegalidade.
Rolling Stones vermelho
O Consulado de Cuba em Salvador está nos últimos dias com um movimento bem acima do normal. Nunca concedeu tantos vistos de entrada a um só tempo no país caribenho como agora. A chave do mistério é simples: amanhã os Rolling Stones farão show de graça lá, como haviam prometido, no embalo da reaproximação com os EUA.
Os hotéis estão lotados, todos foram avisados, mas os baianos não estão nem aí: “Lá a gente se vira”.
De leve
Conta o ex-deputado Pedro Alcântara que Lomanto Júnior, quando governador (1963 a 1967), tanto trabalhou por Juazeiro que virou uma espécie de condestável na cidade.
Em meados dos anos 90, foi a Juazeiro para a inauguração da agência local do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Como sempre, muito festejado, encontrou a praça da igreja, local da solenidade, lotada.
Começou a discursar emocionado:
– É com muita alegria que aqui estou, Juazeiro! Esta terra de tantos amigos! Do meu amigo Arnaldo Vieira do Nascimento (ex-prefeito), hoje no céu! Do meu amigo Zé das Caçambas, também no céu!…
Deu uma paradinha, olhou para alguém que estava atrás, perguntou baixinho:
– Me diga uma coisa: o Joca Oliveira (ex-prefeito) ainda é vivo?
E o interlocutor:
– Qual é Lomanto? Joca Oliveira sou eu!
E Lomanto:
– Desculpe, Joca. É que eu olho para trás e só vejo cruzes…
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