Publicado em 18/12/2017 às 10h00.

Camargo Corrêa revela esquema de cartel em obras do metrô na Bahia

Lista que inclui mais sete estados foi enviada ao Cade em acordo de leniência da Operação Lava Jato

Redação

Salvador_Metro

 

A construtora Camargo Corrêa revelou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um grande esquema de cartel que atuava em obras de metrôs na Bahia e em outros sete estados, entre 1998 e 2014. Nesta segunda-feira (18), o conselho assinará despacho para abrir processo de investigação.

Em 1999, o consórcio Metrosal, formado por Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Siemens, participou da licitação para as obras do metrô de Salvador. Na época, a capital baiana era administrada por Antonio Imbassahy (PSDB).

A disputa foi vencida pelo consórcio Cigla, formado pela italiana Impregilo e a construtora Soares da Costa. No entanto, conforme o Ministério Público, a Metrosal foi declarada vencedora da licitação após uma desistência da Cigla.

A Camargo Corrêa apresentou ao Cade indícios ou comprovação de condutas anticompetitivas nestes 16 anos, em conjunto com a Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão.

Foi formado um grupo, batizado pelos próprios integrantes de “Tatu Tênis Clube”, que teria atuado em pelo menos 21 licitações, com resultados diferentes, segundo o blog da jornalista Andréia Sadi.

Entre as atividades, o cartel fixava preços, condições e vantagens, além de fazer a divisão de mercado entre os concorrentes e trocar informações entre os interessados nas obras. Os executivos se encontravam para organizar as propostas ou mesmo abrir mão para evitar disputa.

O acordo de leniência da empreiteira foi feito em conjunto com o Ministério Público Federal de São Paulo e equivale a uma delação premiada, mas voltada para as empresas.

Com a assinatura, a Camargo Corrêa pode ter imunidade administrativa e penal. As outras empresas serão processadas normalmente. Porém, o acordo só tem validade após a investigação comprovar os fatos, atendendo aos requisitos exigidos.

A Andrade Gutierrez informou que colabora com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado pela empresa com o Ministério Público Federal. A empresa também reafirmou o compromisso de “esclarecer e corrigir todos os fatos irregulares ocorridos no passado”.

A construtora Queiroz Galvão disse que não comenta investigações em andamento.

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