Publicado em 07/06/2016 às 10h20.

Cerveró: ‘Se Dilma gostasse tanto de mim, ela não tinha me sacaneado’

O ex-diretor da Petrobras declarou em depoimento por delação premiada que desconhecimento de esquema pela petista é uma "falácia"

Redação
Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil

 

O ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, declarou, em depoimento por delação premiada, que é uma “falácia” a afirmação da presidente afastada Dilma Rousseff, em 2014, de que só aprovou a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, em 2006, porque não sabia de regras do contrato lesivas à estatal. Aos investigadores, o acusado falou que a petista estava preocupada com a eleição presidencial quando apresentou sua versão sobre a compra.

“Se a Dilma gostasse tanto assim de mim, ela não tinha me sacaneado – desculpe a expressão – há um ano, quase dois anos atrás, quando fugiu à responsabilidade, dizendo que tinha aprovado Pasadena porque eu não tinha dado as informações completas. Ela me jogou no fogo, ignorou a condição de amizade que eu acreditava que existia – trabalhei junto com ela 15 anos – e preferiu, pra livrar, estava em época de eleição, tinha que arrumar um Cristo. Então, disse ‘ah, eu fui enganada’. Mentira. […] Dilma sabia de tudo o tempo todo”, afirmou.

Em 2014, Dilma culpou Cerveró pela compra da refinaria, localizada nos Estados Unidos, por ter omitido cláusulas do contrato ao Conselho Administrativo da Petrobras, chefiado por ela em 2006, quando o negócio foi fechado.

Cerveró disse ainda não haver a “menor possibilidade” de isentar o Conselho de Administração pela responsabilidade na compra. “Esses assuntos de refinaria eu discutia pessoalmente com a Dilma. Ela tinha informação. Ao longo do processo de aprovação [da compra], foi dito que estávamos comprando uma refinaria, que ia ser feito uma ‘revamp’, que foi aprovada, foi aprovada inclusive empresa para fazer a ‘revamp’ e ela sabia disso. Tudo isso ela sabia”, afirmou, em referência a uma reforma feita posteriormente em Pasadena, cuja contratação também é alvo de investigação.

Ele chamou de mentirosa a declaração da petista de que não o conhecia.”A Dilma diz que não me conhece e isso é uma mentira. Eu conheço a Dilma há 16 anos pessoalmente. Eu conheço a Dilma e chamava ela de Dilma. A Dilma era secretária de Energia do Rio Grande do Sul. Eu conheci a Dilma antes do Delcídio [do Amaral]. Eu conheço o Delcídio depois de ter conhecido a Dilma. Eu vivia em Porto Alegre discutindo com a Dilma a questão da térmica de Porto Alegre”, disse. O ex-diretor também disse que, quando Dilma era ministra de Minas e Energia, no governo Lula, viajou sozinho com ela “seis ou sete vezes” para países como Bolívia, Venezuela e Argentina.

A assessoria da presidente afastada Dilma Rousseff divulgou nota na qual afirma que “jamais” manteve relação de amizade com Cerveró e afirmou que o depoimento do ex-diretor da Petrobras é um “teatro montado por esta pessoa que não tem credibilidade”.

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