Publicado em 17/03/2017 às 10h05.

Como a Odebrecht é baiana, a lista de Janot tem muito mais baianos. Cadê?

A construtora costumava distribuir simpatias (leia-se doações) a políticos em geral com valores variáveis a depender do status do beneficiário, inclusos modestos vereadores

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Quando puxo uma pena, vem uma galinha inteira”

 Deltan Dallagnol, procurador da República que atua na Lava Jato.

Foto: Divulgação/Odebrecht
Foto: Divulgação/Odebrecht

 

 A senadora Lídice da Mata (PSB) e o deputado José Carlos Aleluia (DEM), o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB) e Geddel são os primeiros baianos a surgirem nas delações da Odebrecht. Ambos repetem a explicação padrão: nada fizeram de errado. Na Lava Jato, a rigor, os noviços são Lúcio e Aleluia. Lídice e Geddel foram citados.

Do que exatamente são acusados, não se sabe. Mas convém lembrar que a Odebrecht, maior construtora do país, é baiana. E, como tal, costumava distribuir simpatias (leia-se doações) a políticos em geral com valores variáveis a depender do status do beneficiário, inclusos modestos vereadores. Noutras palavras, há muito mais baianos na lista.

A questão é saber por que eles estão lá. Partindo do princípio de que novidade é notícia, só o fato de ser citado, no senso comum já é uma pena, a execração. Disso os políticos se queixam. Como surgiram os quatro nomes, a partir de vazamentos, acaba aliviando a barra de outros.

Mas como o jogo era o mesmo para todos e ninguém sabe o que vai sair das delações, os dois lados, os de Rui Costa e ACM Neto, fizeram publicamente uma espécie de pacto de silêncio.

Fosse o jogo do bem contra o mal, e uma das duas bandas estaria disparando tiroteio cerrado contra a outra. Mas, nos bastidores, o pessoal de Neto nutre a esperança de pegar Jaques Wagner e Rui Costa com a OAS e o de Rui de pegar Neto na Odebrecht.

Neto cobra a divulgação imediata de todos os listados. E tem razão. É um passo no rumo de colocar luzes na escuridão, embora os citados, culpados ou inocentes, ainda tenham a enfrentar a azucrinação midiática –  seja por vazamentos ou mediante divulgação oficial.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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