Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
Como encarar a campanha com dinheiro curto? Fala ACM Neto
Num ano em que a disputa eleitoral vai se dar sem o financiamento de empresas privadas de campanha, como ACM Neto fará para tocar a campanha dentro da lei?
Instado por nós a dizer o que aconselharia para os políticos baianos que vão enfrentar as urnas de 2016, ACM Neto admite: ainda não sabe como proceder, a rigor.
Ele faz a ressalva de que nunca admitiu publicamente que é candidato (embora Deus e o mundo saibam que é), mas nas circunstâncias atuais deu indicativos do caminho a seguir.
Sabe que a campanha será bem mais barata do que as tradicionais. Além de ser mais curta, foi reduzida de 45 para 30 dias, o dinheiro também mais curto, vai puxar para baixo o custo dos marqueteiros que cuidam da parte de rádio e tevê, a mais cara.
– Eles vão ter que cobrar mais barato. Ou não terão mercado. Da mesma forma que os fornecedores de material de campanha também terão que reciclar os seus preços, para baixo.
Neto diz que há dois outros caminhos que ele pretende trilhar, ainda sem previsão de quais serão os resultados.
Um é formar um ampla lista de simpatizantes dispostos a fazer doações.
– É uma coisa nova, nunca foi experimentada. Nunca houve isso na história do Brasil.
Cá para nós, a tradição brasileira é do eleitor tomar dinheiro do político. Agora, vai se pretender que ele dê. É uma virada cultural e tanto, se colar, o que muita gente duvida (nós inclusos).
Fundo Partidário – Outra é ver até que ponto os partidos podem chegar com o dinheiro do Fundo Partidário, e das multas imputadas aos candidatos, que se revertem para os partidos e podem ser gastas em campanhas.
Este ano, o Fundo Partidário pulou de R$ 289,5 milhões para R$ 867,5 milhões. O PT, o maior partido, receberá algo em torno de R$ 160 milhões. O Partido da Mulher Brasileira (PMD), o caçula dos 35 que nós temos, ficará com algo em torno de R$ 1,6 milhão.
O problema é que eles terão que ratear, em tese, para as representações em todo o país. E aí vai valer quem tem mais prestígio nas cúpulas.
Isso é o que está posto para quem quer seguir a lei a rigor, com o detalhe, lembrado pelo advogado Ademir Ismerim, especialista em direito eleitoral: quem tiver dinheiro do bolso para gastar, pode doar a si próprio.
Seja como for, seguir a lei não será fácil.
A lei pretende moralizar as disputas, deixando todos em condições mais iguais. Entre a pretensão e a prática vai enorme diferença. A tendência maior é o embate político ampliar o seu jogo do submundo.
Já o dissemos em artigo anterior, que 2016 será o ano do caixa 2, com os ciganos, mais que nunca, na parada.
Quem viver, verá.
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