Publicado em 12/12/2018 às 10h25.

Confusão se instalou na Alba e Coronel tem seu maior desafio: o da despedida

Como convencer os servidores que protestam contra o pacote econômico de Rui Costa a deixar o plenário da Assembleia em paz?

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento”

Machado de Assis, escritor brasileiro (1839-1908)

Foto: Rodrigo Aguiar / bahia.ba
Foto: Rodrigo Aguiar / bahia.ba

 

Prevalecendo a lógica, é claro que os servidores em protesto contra o pacote de fim de ano que Rui Costa mandou para a Assembleia em nome da reforma vão perder. O governo tem 45 deputados, contra os 18 da oposição. Mas a invasão ao plenário ontem virou o emblema do momento. É inédito.

Reinaldo Braga (PR), que está no nono mandato, 36 anos de casa, na hora da invasão, se dizia perplexo:

— Eu nunca vi isso.

De saída, a PM chegou a ser chamada e entrou no plenário. Ângelo Coronel, o presidente, deu meia volta. Suspendeu a sessão por 30 minutos que valeram pelo resto do dia. Ou seja, acabou.

Ocupação instalada, veja as reações de alguns deputados presentes.

Luis Augusto (PP), fazendo piada com os colegas:

— Coronel chamar a polícia?! Que nada! Ele é candidato à presidência do Senado!

Joseildo Ramos (PT):

— Não existe política morna. Política tem que ser tensionada. Política morna não se estabelece.

Soldado Prisco (PSC), suspeito de ter facilitado o acesso dos servidores:

— Eu nego tudo! Eu é que fui impedido de entrar!

Targino Machado (DEM):

— Estou achando ótimo!

A sessão acabou suspensa em definitivo ontem e uma nova acontece desde as 9h45 desta manhã. Vai dar? Líderes sindicais resolveram dormir no plenário. Como tirá-los? É o desafio da despedida de Ângelo Coronel.

‘Covarde! Covarde!’

Antes da sessão ontem na Alba, a bancada do PT fez uma homenagem a Laura Pujol, consulesa de Cuba na Bahia que aqui está desde que o Consulado foi criado, em 2014, e vai embora.

Coincidiu que na hora em que a bancada ia para o plenário, já no corredor, servidores gritavam:

— Covarde! Covarde!

Não era para eles, e sim para Marcelo Nilo (PSB), que deu um ‘chega para lá’ numa das manifestantes.

Oposição quer obstruir

Detalhe: não sabe como

A disposição da maioria da oposição seria obstruir a pauta o máximo possível, mas Luciano Ribeiro (DEM), o líder da bancada oposicionista, admite que não é tão fácil.

Dos 18 deputados, Adolfo Viana (PSDB) e Leur Lomanto (DEM) se elegeram deputados federais, e Hildécio Meireles (PSC), Sidelvan Nóbrega (PSC), Pablo Barroso (DEM), Augusto Castro (PSDB) e Heber Santana (PSC), além do próprio Luciano, perderam. Fica difícil animá-los.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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