Publicado em 05/08/2016 às 16h00.

Cozinha gourmet de sítio foi ‘lavagem de dinheiro’, diz MPF

Informação do Ministério Público Federal está em parecer que defende a competência do juiz federal Sérgio Moro para julgar Lula, questionada pela defesa do petista

Jaciara Santos
MF ATIBAIA/SP - 03/02/2016 - EMBARGADO / CHACARA / LULA - NACIONAL - Chácara do ex presidente Lula, na cidade de Atibaia. FOTO: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Chácara frequentada pelo ex presidente Lula, na cidade de Atibaia-SP (Foto Márcio Fernandes/Estadão)

 

A mais contundente manifestação do Ministério Público Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato sustenta que “os elementos de prova colacionados até o momento apontam no sentido de que a real propriedade” do sítio Santa Bárbara, em Atibaia-SP, seria “efetivamente” do petista.

A informação da Procuradoria da República está em parecer que defende a competência do juiz federal Sérgio Moro para julgar Lula, questionada pela defesa do petista nos autos da Lava Jato

“Os elementos de prova colacionados até o momento apontam no sentido de que a real propriedade do bem seria efetivamente de Luiz Inácio Lula da Silva. Logo após o sítio ter sido adquirido por pessoas interpostas em favor de Lula, verificou-se a necessidade de realizar reformas e construir novas benfeitorias no local para que o ex-presidente e sua família pudessem desfrutar da propriedade com maior conforto, após o término do seu mandato”, afirma o documento.

O documento aponta que o sítio de Atibaia “compõe-se de duas propriedades rurais contíguas – os sítios Santa Barbara e Santa Denise – e foi adquirido no término do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 29 de outubro de 2010”

Segundo os procuradores Julio Carlos Motta Noronha, Roberson Henrique Pozzobon, Jerusa Burmann Viecili e Athayde Ribeiro Costa, a compra das duas propriedades rurais que compõem o sítio foi efetuada pelos sócios do filho do petista, “bastante próximos da família do ex-presidente”.

O parecer relata que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente foi o “agente” encarregado de coordenar as reformas do sítio.

Bumlai foi denunciado por corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta no polêmico episódio do empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin destinados ao PT em 2004.

“A empreiteira responsável por executar a obra foi a Construtora Norberto Odebrecht, outra figura notadamente envolvida na Operação Lava Jato, havendo indícios de que reforma do sítio de Lula foi custeada com dinheiro advindo de Bumlai e da Odebrecht. Além das questões singulares a respeito da venda e da reforma do sítio, outra operação de lavagem de dinheiro em favor de Lula diz respeito à compra de móveis junto à Kitchens para o sítio em Atibaia”, aponta a manifestação.

No documento, os procuradores afirmam que na reforma do sítio “estão envolvidos a mesma loja da Kitchens e o mesmo funcionário da OAS que viabilizaram a mobília do apartamento tríplex de Lula em Guarujá-SP”.

O petista foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo, por falsidade e lavagem de dinheiro, pela suposta propriedade do tríplex 164-A, no Condomínio Solaris, no Guarujá.

“Nesse caso a pessoa interposta escolhida pela OAS para ocultar o verdadeiro destinatário/beneficiário da cozinha foi Fernando Bittar, em nome do qual foi emitida a nota fiscal dos móveis. Para dificultar o rastreamento da operação, o pagamento do preço foi feito à Kitchens em espécie”, destaca a Procuradoria.

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