Publicado em 25/11/2015 às 08h40.

De Ponta a Ponta: Porto Seguro

Levi Vasconcelos

Na Terra do Descobrimento, Porto Seguro, as eleições passaram a ser disputadas com a gana de quem pretende conquistar uma Capitânia Hereditária. Ubaldino Pinto Júnior (PMDB), o prefeito da festa dos 500 do Brasil, recebeu um montão de dinheiro e se melou na mesma proporção.

Foi cassado e até hoje está inelegível, mas também até hoje figura como ator principal, mesmo perdendo.

Perdeu para Gilberto Abade, para Jânio Natal, hoje aliado, e para a prefeita Cláudia Oliveira (PSD), mulher do deputado Robério Oliveira, ex-prefeito de Eunápolis, que vai disputar a reeleição contra um adversário apoiado por Ubaldino, preferencialmente um familiar dele, se a justiça deixar.

Ubaldino tinha três planos para a eleição local. Dois deles se embaraçaram na lei da ficha limpa e o terceiro já começa a entrar água. Ele lançou o irmão, Lúcio Pinto, em 2012, que perdeu para Cláudia, mas agora o próprio Lúcio também está inelegível e responde a processo por uso indevido da rádio da família, prática comum por lá.

Ubaldino Pinto Júnior importou o primo Uldurico Pinto Júnior (PTC) de Teixeira de Freitas, aos 22 anos, eleito deputado federal, em 2014, como o mais jovem do Brasil.

Prisão – Agora é o próprio Uldurico Júnior quem é acusado de abuso de poder da comunicação pelo primeiro suplente da Coligação Juntos Somos Fortes, o vereador de Salvador Joceval Rodrigues (PPS).

Há duas semanas ele sofreu seu primeiro revés: o juiz Wilson Nunes, da comarca de Eunápolis, determinou a prisão do marqueteiro João Batista Ribeiro, uma das testemunhas arrolados pelo próprio Uldurico, por mentir durante audiência, uma semana depois de ele ter patrocinado uma festa na qual levou o senador Romário (PSB-RJ) e o deputado federal Tiririca (PR-SP) na qual faturou e deixou a prefeita Cláudia em maus lençóis. Ela negou o estádio.

O imbróglio está formado e os Pintos podem ter queimado sua última caravela para novamente aportar na Prefeitura de Porto Seguro, deixando o caminho mais aberto para a reeleição de Cláudia Oliveira.

Quem também entrou na disputa foi a ex-secretário municipal de Governo, Roberta Caíres, pelo Partido Solidariedade, com o apoio do PEN e do PPS do deputado federal Artur Maia, que levou a ex-secretária para o Solidariedade, quando ainda estava no partido.

No lançamento de sua pré-candidatura, para mais 1 mil pessoas, na bela orla da cidade, Roberta, mulher do vereador e empresário Paulo Ornishi, o Paulinho Toatoa, exibiu um vídeo em que o senador Aécio Neves e o deputado Paulinho da Força, respectivamente presidentes nacionais do PSDB e do Solidariedade, declaram seu apoio a ela.

Já o deputado estadual e ex-prefeito de Porto Seguro Jânio Natal (PRP) transferiu seu domicílio para Belmonte, onde também já foi prefeito, para apoiar o irmão Jonival Natal, mas não esconde que tem um acordo os Pinto, como reconheceu a um site de notícias local.

Em 2012, Cláudia Oliveira foi eleita com 20.622 votos (36,55%), contra 17.240 (30,56) de Lúcio Pinto, 14.361 (25,45) de Jânio Natal, e 4.196 (7,44%) do Pastor Erivaldo (PSB). Naquela eleição, os Pintos e Jânio Natal demonstraram que, juntos, têm força para fazer o prefeito.

Na terra máter do Brasil, 515 anos após a chegada de Cabral, os atores principais do jogo são esses. Hoje, Cláudia é favorita.

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