Publicado em 14/12/2015 às 14h10.

De Ponta a Ponta: Serrinha

Na terra da vaquejada, pré-candidatos devem ter fôlego de touro para enfrentar a parada

Elieser Cesar

Serrinha, no nordeste da Bahia, a 173 km de Salvador, é conhecida pela sua vaquejada profana e pela  devota Procissão do Fogaréu, caminhada de penitência que, na quinta-feira da Semana Santa, sai da Igreja de Nossa Senhora de Santana para o Morro de Santana, num percurso de quatroquilômetros, atraindo centenas de fiéis.  O rito religioso é considerado Patrimônio Histórico Imaterial da Bahia,  pelo Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac). Na cidade, a fé também preside a política e, para a eleição municipal de 2016, e, para sobreviver,  os pré-candidatos devem ter  fôlego de touro de vaquejada.

O deputado estadual Gika Lopes, o Gika, do PT, é um deles e aparece bem cotado na bolsa de apostas local para suceder o prefeito Osni Cardoso de Araújo, do mesmo partido. O escândalo em que o PT se meteu com o desvio de dinheiro da Petrobras e o mau momento do partido com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, não preocupam o parlamentar. “No interior, o eleitor vai pelo nome do cidadão, não pelo partido. A eleição é como um Ba-VI”, argumenta Gika,

Ele disputa a indicação com outros dois pré-candidatos  do PT:  o  secretário de Relações Institucionais, Edvaldo Teixeira, e o secretário de Administração, Jivaldo Oliveira. Ao seu favor, Gika conta com  cabedal de 43.894 votos que o levaram à Assembleia Legislativa da Bahia. Mas, esse desempenho, por si só, não basta.

Como um vaqueiro que estica a corda do cavalo para depois puxá-la, Osni deu carta branca aos seus pré-candidatos para fazer a campanha interna, mas ponderou, pedindo que nenhum deles pense individualmente em si próprio, e sim no PT e no grupo político como um todo.  “Aquele que, numa família,  não consegue  ser um bom irmão, um bom filho, um bom pai,  não será nada melhor em canto nenhum”, filosofa o prefeito.

O principal concorrente da situação será o médico oftalmologista Adriano Lima (PMDB), filho do ex-prefeito Zé Valdo. Em 2012, Adriano perdeu a eleição para Osni, por quase 10 mil votos de diferença e agora quer ir à forra, apostando principalmente no desgaste do PT que ainda pode aumentar, a depender dos desdobramentos da Operação Lava a Jato e, sobretudo, o desfecho do processo de impeachment de Dilma. Ainda em Serrinha,   o vice-governador João Leão (da base aliada)  lançou a pré-candidatura, pelo PP, do vereador Alexandro dos Reis Menezes, o Alex da Saúde.

Também querem disputar a eleição municipal o empresário Berg da Aragom (PRP) e Luciana ((PSB). Em Serrinha, eleição é sempre assim: quem ganha comemora na vaquejada. Quem perder vai se penitenciar na Procissão do Fogaréu.

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