Publicado em 16/07/2019 às 15h19.

Delator afirma que foi quase coagido a ‘construir relato’ sobre sítio de Atibaia

Carlos Armando Paschoal prestou depoimento à Justiça de São Paulo como testemunha em processo sem relação direta com o caso do ex-presidente Lula

Redação
Foto: Reprodução/ YouTube
Foto: Reprodução/ YouTube

 

O ex-diretor-superintendente da Odebrecht Carlos Armando Paschoal afirmou à Justiça de São Paulo que foi “quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido” e que precisou “construir um relato” no caso do sítio de Atibaia (SP), que tendeu a segunda condenação ao ex-presidente Lula na Lava Jato.

Também condenado na mesma ação, o ex-diretor da empreiteira criticou os procuradores da força-tarefa da operação.

Paschoal depôs no último dia 3 de julho no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), como testemunha em um processo sobre improbidade administrativa contra Elton Santa Fé Zacarias, ex-secretário-executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações do governo Temer.

De acordo com a Folha, o caso não tem relação direta com os processos contra Lula.

Durante o depoimento, o ex-diretor da Odebrecht foi perguntado sobre o acordo de delação firmado com o Ministério Público Federal (MPF).

O advogado Igor Tamasauskas questionou por que delatores precisam falar sobre atos praticados por outras pessoas.

“Porque, numa colaboração, você confessa atos próprios, crimes próprios, ou improbidades próprias”, afirmou o defensor, em sua pergunta.

“Sem nenhuma ironia. Desculpa, doutor. Precisava perguntar isso para os procuradores lá da Lava Jato”, respondeu Paschoal.

“No caso do sítio, que eu não tenho absolutamente nada, por exemplo, fui quase que coagido a fazer um relato sobre o que tinha ocorrido. E eu, na verdade, lá no caso, identifiquei o dinheiro para fazer a obra do sítio. Tive que construir um relato”, acrescentou.

Ao explicar o que seria “construir um relato”, o delator afirmou que seria apontar algo como “olha, aconteceu isso, isso, isso e isso; e eu indiquei o engenheiro para fazer as obras”. Ele não detalhou como teria ocorrido a “coação” do Ministério Público.

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